Depois de se encontrar com o presidente Michel Temer, o líder do PTB, deputado Jovair Arantes, disse que o partido vai manter a indicação de Cristiane Brasil para o ministério do Trabalho. A deputada fluminense e seu pai, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, também participaram da conversa.
Segundo Jovair, a bancada do PTB não vai apresentar outro nome para lugar de Cristiane Brasil, que teve sua posse barrada liminarmente pela Justiça. “A indicação está valendo, toda a bancada apoia. O PTB está unido”, afirmou.
Jovair minimizou ainda o fato de a indicada como ministra do Trabalho ter sido condenada em ações trabalhistas. Segundo ele, esse tipo de processo é comum e “juízes e procuradores” também têm esse tipo de pendência.
O líder do PTB afirmou que o governo respeita decisões judiciais, mas que a expectativa é de que o Supremo Tribunal Federal consiga derrubar a liminar que impede a posse “ainda hoje”. Segundo um auxiliar, Temer tem um compromisso com o partido e qualquer mudança do nome teria que partir da legenda. Apesar disso, fontes no Planalto reconhecem que o desgaste para o governo em torno da nomeação não é positivo.
O líder do PTB reconheceu que a situação é constrangedora, mas afirmou que o presidente “está tranquilo” embora tenha se mostrado “desapontado” por um ter um ato contestado pela primeira instância. Segundo Jovair, a liminar que barrou a posse de Cristiane foi resultado de uma ação formulada “por advogados petistas”.
Jovair lembrou que o processo contra Cristiane está em curso e ela já está “pagando”. “O bombardeio (que ela está sofrendo) é fruto do ódio preconcebido contra qualquer ação política”, disse. Para o líder do PTB, o “confronto” do Judiciário contra a decisão do presidente da República “é inconveniente”.
Mais cedo, em uma derrota para o Palácio do Planalto, o vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), desembargador federal Guilherme Couto de Castro, negou recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) e manteve nesta terça-feira, 9, a decisão do juiz federal Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal de Niterói (RJ), que havia suspendido a nomeação e a cerimônia de posse da deputada como nova ministra do Trabalho.
Assim que a decisão saiu, interlocutores do Planalto confirmaram que o governo iria via AGU recorrer ao Supremo. O ex-deputado Roberto Jefferson, condenado no mensalão, foi quem articulou pessoalmente a nomeação de sua filha Cristiane pelo presidente da República.
Oficialmente, o governo demonstra o desejo de manter a posse de Cristiane e por isso já informou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal para tentar reverter o pedido liminar que barra a posse.
Cristiane foi indicada pelo PTB depois de Temer barrar o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA), que tinha sido indicado em nome da bancada, mas foi preterido por influência de José Sarney pelo fato de Fernandes ser aliado do governador Flávio Dino (PCdoB-MA).