A aposta de alguns segmentos do PT em Minas Gerais, de colocar o vice-presidente José Alencar (PRB) como o nome capaz de unir os partidos da base aliada na disputa pelo governo do Estado – e fortalecer a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto -, no segundo maior colégio eleitoral do País, ainda parece longe de um desfecho.
Durante as comemorações pelos 30 anos da legenda, na noite de ontem na Serraria Souza Pinto, na capital mineira, Alencar foi alçado ao posto de “militante honorário” do PT e disse estar à disposição na busca de um palanque único. Ele afirmou que se para isso for preciso que seja candidato, “não se furtará”. Porém, Alencar disse preferir aguardar os resultados dos exames para verificar a evolução do tratamento de combate a um câncer abdominal, previstos para a segunda quinzena de março.
No xadrez político que pautará as discussões nos próximos meses, os partidos da base aliada contam com as pré-candidaturas a governador do atual ministro de Desenvolvimento e Combate à Fome, Patrus Ananias, do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, ambos pelo PT, e do ministro das Comunicações, Hélio Costa, pelo PMDB, que hoje tem melhor desempenho nas pesquisas de intenção de voto.
Ao chegar à festa de comemoração do PT, o ex-prefeito da capital mineira apontou que o nome de Alencar “ainda não está colocado”. “Não vamos trabalhar com essa hipótese (da candidatura de Alencar). O que temos de concreto é a candidatura própria do PT.”
Já o deputado federal Reginaldo Lopes, reeleito para a presidência do diretório estadual do PT, considerou que para a tese de um palanque único, o nome que unificaria a base é o de Alencar, mas se não houver consenso a base de Lula poderá ter dois palanques no primeiro turno, um do próprio partido e outro do PMDB. “Na ausência desta tese temos dois candidatos, porque o PT defende a tese da candidatura própria.”
‘Mestre’
A hipótese da indicação de Alencar como candidato ao governo do Estado foi lançada pelo grupo aliado a Patrus Ananias. Ontem, durante solenidade na Câmara Municipal de Belo Horizonte, em que o vice-presidente recebeu uma homenagem de Honra ao Mérito, o ministro afagou Alencar. “Mestre, por onde for quero ser seu par”, disse ele, referindo-se à letra da canção “Andança”, de Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós.
Ao sair do encontro do PT, Patrus endossou a tese do palanque único, afirmando que esta seria a melhor forma de dar sustentação à candidatura de Dilma. Ele reforçou que continua pré-candidato e trabalha para viabilizar a sua própria indicação do partido. “Mas em política não trabalhamos apenas com um cenário”, argumentou.