Em busca dos eleitores de Marina Silva (PV) ligados a questões ambientais, o PT encomendou ao ex-ministro Carlos Minc um conjunto de propostas para reforçar o programa de governo da candidata do partido à Presidência, Dilma Rousseff. Minc elaborou um documento com oito tópicos relacionados ao desenvolvimento sustentável e à preservação da natureza, como a redução de impostos para equipamentos geradores de energia limpa e a revisão da anistia a desmatadores proposta no projeto de reformulação do Código Florestal.
A avaliação da campanha petista é de que boa parte dos 19% dos votos obtidos por Marina no primeiro turno está ligada aos ideais verdes – apesar de o crescimento da candidata do PV nas últimas semanas de campanha ter sido impulsionado por questões ligadas à religião e ao aborto. “A Marina acabou se tornando depositária de um voto mais conservador, mas ela já tinha 11% das intenções de voto três semanas antes dessa discussão. Acho que a maioria desses 11% era de votos alinhados à questão da sustentabilidade, à ética e até à questão religiosa, mas não nessa proporção”, avalia Minc.
Entre as propostas que devem ser incluídas no programa de governo de Dilma estão a criação de critérios que destinam mais recursos do Fundo de Participação dos Municípios a cidades com bons índices de preservação ambiental, a ampliação do crédito para empresas com baixa emissão de gases estufa e o corte de impostos para a produção de equipamentos para a geração de energia renovável (eólica, solar e de biomassa).
Desenvolvimentista
Sucessor de Marina no Ministério do Meio Ambiente e titular da pasta entre maio de 2008 e março de 2010, Minc saiu em defesa da candidata do PT para tentar apagar a imagem de que, no governo, Dilma teria privilegiado o crescimento econômico em detrimento da preservação dos recursos naturais. “Eu não vou dizer que a Dilma é uma ecologista de carteirinha. Ela é uma desenvolvimentista, mas é uma desenvolvimentista que tem sensibilidade ambiental”, afirma o ex-ministro. “Na minha gestão, das 10 principais guerras que eu travei, a Dilma esteve do meu lado em oito.”
À frente da Casa Civil por cinco anos, Dilma é apontada como pivô da crise que resultou na saída de Marina Silva do governo. A candidata petista teria pressionado o Ministério do Meio Ambiente para conceder licenças para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e teria dificultado a criação de áreas de proteção ambiental no País. “As pessoas dizem que os conflitos com a Dilma e a questão das licenças do PAC teriam sido a razão da saída da Marina do ministério, mas essa foi apenas a versão que preponderou”, avalia Carlos Minc. “A Marina ficou cinco anos e cinco meses no ministério. Ela não teria ficado tanto tempo se não tivesse conseguido fazer coisas boas.”
Cientistas e ambientalistas estão sendo convocados por Minc para participar de um manifesto de apoio a Dilma. O PT quer que profissionais engajados na defesa do meio ambiente assinem uma carta para declarar voto na candidata e defender a sustentabilidade como um dos pilares do futuro governo.