O PT perdeu significativamente sua influência na eleição deste ano no Nordeste, principal reduto petista no País desde a chegada do partido ao governo federal, em 2002. No domingo, 2, a legenda elegeu 114 prefeitos na região, 37,7% a menos do que os 183 de 2012. Isso representa uma perda de quase metade dos eleitores governados pela sigla na região.
O PT diminuiu o número de prefeituras em seis dos nove Estados do Nordeste. As maiores perdas foram justamente naqueles que são governados por petistas. Na Bahia, administrada por Rui Costa, o PT elegeu 39 prefeitos neste ano, 53 a menos do que conseguiu eleger em 2012. No Ceará, governado por Camilo Santana, a legenda elegeu 15 prefeitos, quase metade dos 26 eleitos no último pleito.
O partido também elegeu menos prefeitos neste ano em Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba e Maranhão. O único Estado em que a sigla aumentou o número de prefeitos foi o Piauí, governado pelo petista Wellington Dias. No Estado, o partido elegeu 38 prefeitos, 17 a mais do que os 21 petistas que venceram a disputa em 2012. Em Alagoas, o PT elegeu este ano dois prefeitos, mesmo número da última eleição.
Das nove capitais do Nordeste, o PT teve candidatura própria em cinco, mas não conseguiu eleger nenhum prefeito no primeiro turno. Só disputará o segundo turno no Recife, com João Paulo. Em todas as outras (Fortaleza, Natal, João Pessoa e Maceió) foi derrotado. Nas outras quatro capitais, a sigla apoiou aliados. Em Aracaju e São Luís, esses aliados disputarão segundo turno. Em Salvador e Teresina, perderam no primeiro turno.
Eleitorado
Com a diminuição do número de prefeituras, o PT também viu o eleitorado sob sua influência diminuir no Nordeste. Em 2012, as 183 cidades da região em que elegeu prefeito somavam 2,569 milhões de eleitores. Neste ano, os 113 municípios com prefeitos eleitos pela sigla no Nordeste possuem 1,403 milhão de eleitores. Uma redução, portanto, de quase metade (-45,3%) de sua influência sob o eleitorado da região.
O número de eleitores “comandados” por petistas caiu em seis dos nove Estados do Nordeste. A maior diminuição ocorreu também na Bahia, seguido por Ceará, Pernambuco, Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte. Em outros três Estados, o eleitorado sob comando de prefeitos petistas aumentou. O maior crescimento foi no Piauí, único que aumentou o número de prefeitos petistas, seguido por Maranhão e Alagoas.
Governismo
Para o líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florense (BA), o resultado é consequência de “muitas variáveis”. Uma delas, diz, é o fato de o partido ser oposição no plano federal – em 2012, a sigla era da base aliada do governo Dilma Rousseff. “Muitos munícipes votam pretendendo eleger governos que levam recursos do governo federal para lá. Na Bahia, por exemplo, PMDB e PSDB usaram o governismo a seu favor”, diz.
Outro motivo, acrescenta Florense, foi a migração para outros partidos de prefeitos que se elegeram pelo PT em 2012, após o desgaste nacional da legenda. “Muitos que entraram no partido no auge saíram na hora do tranco”, afirma o líder. Na eleição deste ano, a sigla lançou 989 candidatos a prefeitos, quase 44% a menos do que os 1.759 que concorreram quatro anos atrás.
O líder petista reconhece ainda que o desgaste nacional do PT com a Operação Lava Jato também atingiu os candidatos no Nordeste. “Aquela operação contra o Palocci anunciada pelo ministro durante um comício foi demais”, diz, lembrando que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, antecipou um dia antes, durante comício em Ribeirão Preto (SP), a operação que prendeu o ex-ministro petista Antonio Palocci.
Outras regiões
Apesar de significativa, a diminuição de prefeitos do PT no Nordeste foi a menor, em termos porcentuais, entre as demais regiões. A maior perda entre as eleições de 2012 e 2016 foi no Centro-Oeste (-85,4%), seguido por Sudeste (-74,8%), Norte (-69,7%) e Sul (-56,6%). No País, a perda total foi de 59,5% (de 630 para 256 prefeitos). Esse cenário deve permanecer após o segundo turno, pois a sigla só disputa em sete cidades.