Na manhã de ontem o PT anunciou oficialmente seu apoio à candidatura de Roberto Requião (PMDB) ao governo do Estado. A decisão foi tomada na terça-feira à noite, durante reunião da executiva estadual.
Ontem a aliança foi formalizada entre Requião e o padre Roque Zimmermann, que disputou com o peemedebista no primeiro turno. “Queremos fazer a campanha, ganhar as eleições e governar juntos. Vamos vestir a camisa”, garantiu o petista. No Paraná a aliança entre os dois partidos vem de longa data. A última ocasião em que ela ocorreu foi há dois anos, nas eleições para a prefeitura de Curitiba. O PMDB, que teve candidato próprio no primeiro turno, no segundo apoiou a candidatura de Ângelo Vanhoni, que concorreu com Cássio Taniguchi (PFL).
No último domingo Padre Roque obteve 842 mil votos, o equivalente a 17,3% do total de votos válidos. A expectativa do partido é transferir esses votos para Requião. “O PT é uma força grande no Estado, e vamos pedir aos militantes que sigam a orientação de votar no PMDB”, explicou Florisvaldo Raimundo de Souza, secretário de organização do partido.
“Queremos contribuir com o governo, e por isso pontos do programa de governo do PT já estão sendo discutidos com o PMDB”, disse. Segundo ele, os militantes do partido devem tomar as ruas da cidade em busca de votos, e algumas lideranças estaduais devem aparecer no programa eleitoral declarando o apoio.
“O Requião expressa a melhor opção para o Estado, temos mais afinidades com ele do que com o PDT de Alvaro Dias”, frisou o secretário. Entretanto o apoio do pedetista a Lula não foi rejeitado. “Queremos eleger o Lula presidente, e por isso entendemos que é importante o apoio do PDT ao Lula.”
Apucarana
O PT e o PMDB também anunciaram a aliança para o segundo turno no município de Apucarana. Segundo os membros do diretório municipal dos dois partidos eles estarão unidos, numa campanha conjunta para eleger Roberto Requião e Lula. A intenção é fazer a maioria absoluta dos votos do município para dos dois candidatos.
No início da semana, 11 dos 19 vereadores da Câmara Municipal de Apucarana já haviam se pronunciado a favor de Requião. De acordo com o vereador Petrônio Cardoso (PMDB) esses vereadores apenas formalizaram um compromisso firmado anteriormente. “Os vereadores de partidos que apoiavam a coligação de Beto Richa já haviam declarado que, caso seu candidato não chegasse ao segundo turno, eles estariam ao lado de Requião”, contou.
Pedetistas discutem apoio a Lula no segundo turno
Elizabete Castro
O apoio do PT do Paraná à candidatura do senador Roberto Requião (PMDB) no segundo turno da sucessão estadual dividiu a coordenação de campanha sobre a posição que o senador Alvaro Dias (PDT) pode adotar em relação a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Presidência da República. Alvaro não pretende trocar sua posição de apoio ao petista, mas setores da coordenação de sua campanha defendem que o pedetista se preocupe apenas com a sua campanha e não se envolva na sucessão presidencial.
Um dos integrantes do conselho da coordenação do candidato pedetista e suplente do senador, Olivir Gabardo, disse que uma posição definitiva da direção nacional do partido em favor de Requião recomendaria a neutralidade de Alvaro Dias no segundo turno. “A minha opinião é de que podemos deixar para o povo do Paraná, que é esclarecido, tomar a posição que quiser na disputa presidencial”, afirmou.
Já o presidente estadual do PDT, Nelton Friedrich, que também integra a coordenação de Alvaro, minimizou o apoio dos petistas a Requião. “Alguns petistas têm aproximação com o PMDB”, ponderou. Ele disse que seu partido vai instalar comitês Álvaro-Lula no Estado e não acredita que Lula dê exclusividade ao palanque de Requião no Paraná. “Nenhum candidato desconhece e despreza as forças políticas”, afirmou.
Gabardo comentou que lideranças expressivas entre os tucanos do Estado vão apoiar Alvaro. Ele citou o deputado federal reeleito Luiz Carlos Hauly (PSDB) e o ex-deputado federal Helio Duque, que vão montar comitês Serra-Alvaro. Para o coordenador da campanha de Alvaro, situações assim reforçam a necessidade de o senador ficar de fora do processo da sucessão presidencial.
Divisão
Ontem, Olivir Gabardo esteve na Assembléia Legislativa tentando atrair os deputados pefelistas para a campanha de Alvaro. Gabardo conversou com o líder do governo, Durval Amaral, e com o líder da bancada, Plauto Miró Guimarães, para pedir o apoio de ambos e de prefeitos ligados aos deputados.
Amaral iria se reunir ontem à noite com os 32 prefeitos dos municípios que representa na Assembléia para discutir sua posição no segundo turno. “Houve uma manifestação de simpatia e a possibilidade de fazer um acerto. Vamos continuar dialogando”, afirmou o coordenador de Alvaro.
O senador pedetista começa hoje um roteiro de reuniões por várias cidades do interior para conversar com os prefeitos. Alvaro começa seu trabalho com os prefeitos da Região Metropolitana e do Litoral no início da tarde, em Curitiba. À noite, vai a Ponta Grossa, na sexta-feira a Guarapuava, Londrina e Maringá.
Requião não restringe apoio
O senador Roberto Requião, candidato do PMDB ao governo, não se opôs ao apoio de seu adversário, Alvaro Dias, ao candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva:” Não faço nenhum reparo. Quero que o Lula ganhe a eleição”. Mas não foi tão categórico ao descartar a hipótese de subir no mesmo palanque que seu desafeto em favor do candidato petista: ” Acho muito difícil, mas no que se refere a mim, quero ver o Lula eleito”. Para ele,” voto não aceita desaforo. Não estou aqui para arranjar complicação para a eleição do Lula. Eu sei que tenho o apoio dele. Ele é meu amigo pessoal, tenho o apoio oficial do PT, mas acima de tudo nós queremos mudar o Paraná e o Brasil. Todo voto no Lula é bem vindo mesmo que seja do Alvaro. Quero uma mudança no Brasil, mesmo que a mudança seja oportunista. Quando você está se afogando num lago e alguém atira uma corda, você não quer saber quem está socorrendo. Você agarra a corda e se salva do afogamento”. O senador ainda anunciou que o PT passa a integrar o comando de sua campanha..