Graças a doações privadas no valor recorde de R$ 255 milhões, o PT nacional terminou o ano de 2012 com um superávit de R$ 8,4 milhões, o maior entre os grandes partidos do País. Com isso, os petistas conseguiram saldar as dívidas acumuladas até 2011 e ainda ficaram com uma sobra de R$ 2,7 milhões – desde 1998, é a primeira vez que a legenda sai do vermelho em sua contabilidade oficial.
Segundo a prestação de contas divulgada no site do Tribunal Superior Eleitoral, o PSDB também obteve superávit, no total de R$ 7,9 milhões, mas o valor foi insuficiente para saldar dívidas de anos anteriores. O saldo ainda ficou negativo em R$ 1,4 milhão. O PMDB arrecadou R$ 1,3 milhão a mais do que gastou em 2012, e ampliou sua folga de caixa acumulada para R$ 9,8 milhões. No ano em que conquistou a Prefeitura de São Paulo, a maior do País, o PT teve uma receita total de R$ 318 milhões.
Dos R$ 255 milhões de doações privadas, R$ 220 milhões (86%) bancaram campanhas de candidatos a prefeito e vereador. É esse o valor total das chamadas “doações ocultas” – assim chamadas porque, quando o partido atua como intermediário entre doadores e candidatos, não é possível saber que campanha cada empresa financia.
O total de doações privadas supera em 28,4% o que o PT arrecadou das mesmas fontes em 2010, ano em que Dilma Rousseff foi eleita presidente. A arrecadação de pessoas físicas e jurídicas, na época, foi de R$ 198,6 milhões – os valores, corrigidos pela inflação, não incluem os destinados para os comitês de Dilma e dos demais candidatos do partido.
Em 2010, a prestação de contas do PT mostrava um déficit de R$ 44,5 milhões (R$ 50,5 milhões, em valores de hoje). O rombo nas contas caiu para R$ 6,4 milhões em 2011 e se transformou em superávit no ano passado.
Tesouro
Em 2012, a segunda maior fonte de recursos do PT foi o Fundo Partidário, bancado na maior parte por verbas federais, que destinou ao partido cerca de R$ 53 milhões. A análise do caixa do PT mostra um partido dependente de recursos de empresas, mesmo em anos não eleitorais. Em 2012, as doações de pessoas jurídicas – principalmente empreiteiras e bancos – representaram quase 80% do total arrecado. Em 2011, sem eleições, as empresas foram responsáveis por 45% da receita. Outra fonte significativa de dinheiro para o PT são as contribuições de detentores de mandatos eletivos e cargos de confiança no serviço público. Foram R$ 10 milhões no ano passado. Dos filiados sem mandato e sem cargo, a receita foi de apenas R$ 20 mil.
Fora do Palácio do Planalto desde 2003, o PSDB obteve R$ 96,7 milhões de doadores privados em 2012. Isso equivale a cerca de 38% do valor obtido por seu maior adversário. O PSDB também serviu de “biombo” para ocultar as ligações entre empresas e políticos que concorreram nas eleições do ano passado. O partido recebeu R$ 84 milhões de doadores privados e os repassou para seus principais candidatos a prefeito. No processo, apagou o rastro entre financiadores e financiados. Apesar de ainda não ter conseguido zerar suas dívidas, os tucanos vêm melhorando suas contas ano a ano. No final de 2010, após a campanha em que José Serra perdeu a disputa presidencial, o déficit chegou a quase R$ 12 milhões (R$ 13,5 em valores corrigidos pela inflação). Em 2011, o rombo caiu para R$ 9,3 milhões e chegou a apenas R$ 1,4 milhão no ano passado.
O PMDB, partido governista, fechou 2012 no azul. A legenda arrecadou quase R$ 119 milhões em doações privadas no decorrer do ano. É menos da metade do que os petistas obtiveram, mas cerca de 37% a mais do que os tucanos receberam. As prestações de contas de partidos como PSB, PP, PPS e PDT não estavam disponíveis até ontem (14) no site do Tribunal Superior Eleitoral, apesar de o prazo para as siglas apresentarem os dados ter terminado no dia 30 de abril. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.