O PT gaúcho entrou hoje com uma representação no Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) questionando a contratação de uma agência de comunicação pelo PSDB estadual. Para os petistas, os tucanos estão usando os serviços da FSB Comunicações para limpar a imagem da governadora Yeda Crusius (PSDB), recém absolvida de um processo de impeachment. O presidente do PSDB-RS, deputado federal Claudio Diaz, nega qualquer irregularidade: “O contrato é legalíssimo.”
Líder do PT na Assembleia Legislativa e autor da representação, o deputado Elvino Bohn Gass colocou em dúvida a legalidade da contratação. “Publicidade de governo é para educar ou orientar, nunca para promoção pessoal”, disse à Agência Estado. “O objetivo do trabalho da FSB parece ser o de melhorar a imagem de Yeda e garantir a reeleição dela.”
Segundo Bohn Gass, apesar de contratada pelo partido, a agência chega a acompanhar eventos de governo para registrar e orientar o comportamento da governadora. “Yeda faz uma confusão constante entre o público e o privado. Ela mobiliou sua casa com dinheiro público e agora quer trocar sua mobília política de forma irregular”, disse o deputado, em referência à compra de materiais de construção e móveis para a casa da governadora, paga pelo Estado, denunciada em outubro.
O contrato entre o PSDB gaúcho e a FSB foi firmado no início de setembro. Segundo o presidente estadual tucano, dois profissionais da agência trabalham em uma sala dentro da sede da legenda, em Porto Alegre. “O contrato prevê um trabalho técnico, jornalístico e de pesquisa, remunerado pelo partido. Não se trata de propaganda de governo”, disse Diaz. “Queremos sugestões de especialistas para enfrentar essa onda de denuncismo do PT.”
De acordo com Diaz, a FSB está coordenando pesquisas sobre o quadro político e eleitoral de 2010, quando Yeda deve tentar a reeleição. “Claro que nos interessa melhorar a capacidade de comunicação do governo do PSDB no Estado. A agência tem como missão melhorar a comunicação do PSDB-RS e de todos os seus filiados.”
Viagem
A representação do PT questionou ainda o custeio de duas viagens do secretário de Planejamento e Gestão de Yeda, Mateus Bandeira, a São Paulo e a Brasília, para reuniões com a FSB Comunicações. “É um desvirtuamento do recurso público”, acusou Bohn Gass, do PT. Claudio Diaz, do PSDB, disse desconhecer as incursões de Bandeira.
Conforme o Diário Oficial do Estado, o secretário viajou e teve diárias e passagens aéreas pagas com recursos do Programa de Apoio à Modernização da Gestão e do Planejamento dos Estados e do Distrito Federal (Pnage), projeto do Ministério do Planejamento financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O secretário esteve em Brasília em 30 de junho e em São Paulo nos dias 27 de maio e 2 de julho.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do governo do Rio Grande do Sul informou que não se pronunciaria sobre a representação, por entender ser esse um assunto de partido. A FSB também foi procurada, mas não respondeu as ligações.