PT fica no governo, mas manterá críticas

O PT se mantém na base de apoio ao governador Roberto Requião (PMDB), mas se dá ao direito de questionar a administração estadual. Ao mesmo tempo, o partido irá buscar a construção de uma candidatura própria ao governo em 2010.

Este é o resumo das decisões da reunião realizada anteontem à noite entre deputados estaduais, deputados federais, os três secretários estaduais do PT no governo e a presidente estadual do partido, Gleisi Hoffmann.

As recentes trombadas entre a direção estadual do PT e o governador Roberto Requião (PMDB) foram consideradas “divergências pontuais” entre aliados, que não configuram uma crise nas relações ou que motivem um distanciamento entre os dois partidos.

“O PT continua apoiando o governo, mas não fechando os olhos sobre temas polêmicos. O que é importante é que até junho teremos uma candidatura própria ao governo que represente de fato a sucessão do presidente Lula no Paraná”, afirmou o deputado estadual Elton Welter, da bancada petista.

Ele disse que o governador não está demonstrando que está construindo um nome para 2010 e que o PT precisa de um palanque forte para seu candidato a presidente em 2010.

As opções do partido já são conhecidas: o ministro do Planejamento, Paulo Bernado e o diretor geral da Usina de Itaipu, Jorge Samek. Pelo menos Welter desmentiu uma aproximação do senador Osmar Dias (PDT). “Ele está mais próximo do Beto Richa do que de nós”, comentou.

Sem condições

A permanência do PT na base de sustentação ao governo não é consenso entre os petistas. Mas os secretários de Estado Ênio Verri (Planejamento), Ligia Puppato (Ciência e Tecnologia) e Valter Bianchini (Agricultura) e a maioria dos deputados estaduais e federais defenderam a manutenção da atual aliança. Principalmente, os secretários que disseram ter todo o apoio do governador para desenvolver as ações das suas áreas.

Internamente, deputados e secretários deixaram entrever que consideraram desproporcional a reação da presidente estadual do partido às críticas de Requião à política econômica do governo Lula.

Primeiro, porque Requião já ataca o modelo econômico do governo federal desde 2004 e, segundo, porque o verdadeiro adversário do partido no Paraná é o PSDB e não o PMDB.

O deputado Tadeu Veneri, que defende o apoio crítico a Requião, disse que o fato de o partido buscar uma candidatura ao governo não desencadeia uma crise com o PMDB. Da mesma forma que não vê razão para o PT votar a favor a todos as propostas do governo.

“Não pode se entender como crise toda vez que houver uma divergência. Vamos votar o projeto da reforma tributária. Se votamos a favor, estamos submissos. Se votamos contra, estamos confrontando. As coisas não são assim”, afirmou.

Veneri disse que o partido ou setores dele não podem ter um comportamento pré-eleitoral e outro pós-eleitoral. “Não é razoável que até a eleição, o partido não tenha críticas ao governo, e passado o período eleitoral, comece a hipervalorizar os problemas do governo. O Requião já fazia críticas à política econômica do Lula antes da eleição”, comentou.

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