O diretório do PT, em Campinas, interior de São Paulo, expulsou do partido o ex-vereador Jaírson Canário que, após eleito, se afastou do cargo para ocupar a secretaria de Trabalho e Renda no governo municipal do PSB, contrariando resolução da executiva local, de fazer oposição à administração.
Em reunião do diretório municipal, por 24 votos a 21, foi decidida a expulsão de Canário do PT, vereador eleito com o maior número de votos pelo partido em 2012 na cidade. “O governo PSB representa o PSDB e qualquer aliança com esse governo está descartada”, afirmou o presidente do diretório municipal, Ari Fernandes.
Outros 12 filiados do PT que têm cargo em comissão no governo do prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), vão ser julgados pelos diretórios municipal e estadual nos próximos dias. Os problemas de reaproximação entre o PT e PSB, após as eleições de 2012, em Campinas, são uma prévia do que pode acontecer em 2014 em outras regiões, onde a disputa envolveu os aliados.
Em Campinas, terceiro maior colégio eleitoral de São Paulo (com 758 mil eleitores), Jonas foi eleito no 2º turno, aliado do PSDB, com 58% dos votos, derrotando o candidato do PT, Márcio Pochmann – nome indicado diretamente para a disputa pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Logo após o resultado, o partido anunciou que faria oposição ao governo municipal. “O PT em Campinas mantém sua posição de que nosso papel será de oposição na cidade. Não há possibilidades de uma aproximação com o governo do PSB”, justificou Fernandes.
Desde a campanha, o prefeito tem buscado essa aproximação com os petistas e explorado a aliança de seu partido com o PT no Congresso e com o PSDB no governo estadual, para atrair o eleitorado das duas legendas.
Quando convidou Canário para ocupar uma pasta em seu governo, lembrou que, como deputado federal, votava com o governo Dilma Rousseff e que seria “contraditório” adotar uma postura em Brasília e outra em Campinas.
Defesa
“Vou recorrer no diretório estadual e tenho certeza que lá vão me dar o direito de defesa”, afirmou Canário, que se disse vítima de uma “perseguição política”. “Foi uma execução sumária. Não tive oportunidade devida de apresentar meus documentos de defesa nem foi dado o trâmite correto de um processo de expulsão de um filiado. Foi um processo de cartas marcadas”, afirmou Canário – que teve 15 minutos para fazer uma sustentação oral de defesa, durante o processo de votação, na noite desta terça-feira, 19.
O processo de expulsão ocorreu em uma reunião a portas fechadas, em um hotel de Campinas, após o encontro oficial de votação, marcado para o sábado, ter acabado em pancadaria. Integrantes contrários à expulsão do petista, partiram para cima da mesa da executiva, a reunião foi suspensa e terminou na delegacia de polícia.