PT evita engrossar coro por renúncia e fortalece José Sarney

O PT reforçou ontem o apoio para a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa ao manter a posição pela licença temporária e não aceitar um convite de outros quatro partidos – DEM, PSDB, PDT e PSB – para pedir a renúncia do parlamentar ao cargo. A decisão do PT acabou fortalecendo Sarney e deixando isolados os senadores que defendiam a renúncia – ao fim do dia, todos os partidos optaram por manter só o pedido de afastamento de Sarney. Se o PT tivesse concordado com a renúncia, os demais partidos poderiam fazer o mesmo, tornando inviável a permanência de Sarney no comando do Senado.

Em um plenário de 81 senadores, os cinco partidos somam 46 votos – 14 do DEM, 13 do PSDB, 12 do PT, 5 do PDT e 2 do PSB. Mesmo com as dissidências (senadores francamente favoráveis a Sarney), a situação do presidente do Senado ficaria mais frágil com o pedido formal dos partidos para que renunciasse.

Em uma demonstração clara de que sua renúncia ficou mais longe, Sarney fez questão ontem de presidir a sessão do Senado por mais de duas horas e depois desfilou com desenvoltura pelo plenário cumprimentando aliados e até “inimigos”. Inicialmente, os cinco partidos haviam cogitado fazer uma nota conjunta pedindo o afastamento de Sarney da presidência do Senado, mas acabaram desistindo, reforçando sua permanência no comando da Casa.

Numa reunião a portas fechadas, o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), e o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirmaram que a ideia era evoluir da posição de licença ou afastamento para a renúncia de Sarney. O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), descartou imediatamente essa possibilidade. “O mandato que tenho da bancada é com o pedido de licença temporária como ato de grandeza de Sarney. Não tenho mais nada além disso”, afirmou Mercadante, segundo participantes do encontro.

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