O presidente estadual do PT, deputado Enio Verri, está aguardando a realização de um encontro entre os presidentes nacionais do PT, José Eduardo Dutra, e do PDT, Carlos Lupi, para saber se ainda vai ser possível montar o palanque da ex-ministra Dilma Rousseff no Paraná com o senador Osmar Dias (PDT) na cabeça de chapa para o governo do Estado.
Na semana passada, Dutra teve uma curta conversa com Osmar pelo telefone e o diálogo deve prosseguir com Lupi. Verri disse que os projetos do PT e do PDT se somam no Estado.
“O PDT tem um projeto de disputar o governo e o PT de disputar o Senado. A expectativa é que essa negociação continue”, afirmou o dirigente do PT do Paraná.
Verri relatou que o acordo, nestes moldes, já havia sido fechado com o PDT, mas que houve um recuo, quando o PDT passou a condicionar a aliança à indicação de Gleisi Hoffmann como candidata a vice-governadora.
“Foi fechado um acordo com a presença do presidente da República. Se voltou ao nível de antes, não fomos nós que voltamos”, disse. Sobre as declarações do presidente estadual do PP, Ricardo Barros, que atribuiu às dificuldades da composição da base aliada de Lula no Paraná à falta de iniciativa do PT local, Verri disse que cabe a Osmar fazer as propostas aos demais partidos. “Nós não somos cabeça de chapa”, disse o presidente do PT. Verri disse ainda que não se trata de cada partido tentar abocanhar o filé mignon da coligação, como criticou Barros. “Não tem filé mignon melhor do que ter o Lula no palanque com 84% de aprovação no Paraná. Aqui não tem osso, só tem carne. Nem gordura tem. Tudo o que queremos é uma vaga ao Senado”, afirmou.
A recente insatisfação de Osmar Dias com O PT chegou ao plenário do Senado. Ontem, o pedetista usou a tribuna da Casa para criticar o presidente Lula, pelo veto a dois projetos seus aprovados pelo Senado: o que criava limite de carga horária para caminhoneiro e o que determinava a divulgação de planilhas trimestrais de arrecadação e investimentos de donos de concessões públicas como as das rodovias pedagiadas.
“O presidente da República, que é um trabalhador, antes de ser presidente da República, presidente de sindicato, vetou o projeto de lei, que garante o descanso, a saúde do trabalhador, por pressão das transportadoras, que teriam que contratar mais, gerar mais empregos”, criticou Osmar.
Sobre o projeto das concessões, o senador foi ainda mais duro. Disse que seu projeto foi vetado com a alegação de que o governo iria baixar um decreto ainda mais abrangente e transparente.
“Baixou nada! Atendeu ao interesse de quem esse veto? Dos usuários da rodovia, que acham que estão pagando muito pelo pedágio? Não. Não atendeu aos interesses dos usuários das rodovias. O veto do Presidente não atendeu; o veto do presidente atendeu às concessionárias de pedágios, que desejam continuar cobrando o que querem, os preços absurdos, abusando da paciência do contribuinte, do consumidor, sem terem de prestar conta”, disse Osmar, mostrando não estar nada contente com o presidente.