Apesar do PSDB do governador do Estado de São Paulo, José Serra, ter conquistado uma grande vitória nas eleições municipais da capital paulista, com a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), a legenda ainda não dispõe de um nome consolidado para disputar o Palácio dos Bandeirantes em 2010. O desafio atinge também outra grande legenda, o PT, por causa de mais uma derrota que a candidata da legenda Marta Suplicy amargou nas urnas. “Para a sucessão ao governo de São Paulo em 2010, tanto PT quanto PSDB terão de construir novos nomes”, avalia o cientista político Humberto Dantas, conselheiro do Movimento Voto Consciente.
Na opinião do cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, pesquisador da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, o saldo político das urnas em São Paulo, nessas eleições municipais, serão computados muito mais no âmbito interno dos próprios partidos do que externamente. “Essas eleições de 2008 tiveram um efeito positivo no âmbito dos partidos e por causa disso, podemos dizer que o governador Serra foi um dos maiores vitoriosos dentro do PSDB”, ressalta Teixeira.
Na avaliação de Humberto Dantas, o PT deveria abrir espaço para as chamadas ‘novas lideranças’, como o deputado José Eduardo Martins Cardozo e o ministro da Educação, Fernando Haddad. “É preciso levar em conta que o PT tem um grande patrimônio em São Paulo, por isso deveria investir em novos nomes”, destaca ele. O cientista político cita também o nome do senador Eduardo Suplicy como um dos potenciais candidatos ao Palácio dos Bandeirantes, alegando que os outros virtuais concorrentes ou foram atingidos por derrotas, como Marta Suplicy, ou tiveram seus nomes envolvidos em escândalos recentes.
Na avaliação do cientista político Carvalho Teixeira, a derrota de Marta Suplicy na capital deverá “enterrar” as perspectivas de uma ala do partido que foi afetada pelas denúncias do escândalo conhecido como mensalão. “Este fato deixa em aberto a possibilidade de surgimento de novas lideranças para as eleições estaduais de 2010”, emendou.
Com relação ao PSDB, os dois cientistas apostam em uma situação mais tranqüila para o partido, em razão do saldo positivo das urnas nessas eleições municipais. Entretanto, a legenda também terá a missão de construir um bom nome, dentre os que já estão postulando o cargo, como o vice-governador Alberto Goldman, o secretário da Casa Civil do governo Serra, Aloisio Nunes Ferreira, e o secretário de Esportes do Município, Walter Feldman, um dos grandes apoiadores da candidatura de Kassab.
Carvalho Teixeira avalia que dois partidos terão uma participação muito importante nesse xadrez eleitoral de 2010 em São Paulo: PMDB e DEM. Como as duas legendas estiveram na coligação do prefeito reeleito Gilberto Kassab, apoiado pelo governador José Serra (PSDB), o cientista político avalia que as três legendas devem sair unidas em São Paulo nas próximas eleições. Mesmo assim, o desafio da escolha de um nome competitivo continua, já que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), cotado para o posto, quebrou o acordo ao se lançar candidato neste pleito municipal e amargar derrota já no primeiro turno.