PT e PSDB podem compartilhar palanques no interior

A exemplo do acordo de Belo Horizonte, que está sob veto do diretório nacional do PT, os petistas e tucanos paranaenses também estão montando palanques conjuntos no Paraná nas eleições municipais deste ano. Algumas alianças estão em fase adiantada, como em Santa Lúcia, no Sudoeste do Estado, onde o acordo entre os dois partidos já foi aprovado pelo diretório estadual do PT e espera apenas pelo aval da direção estadual do PSDB, que admite haver outros casos semelhantes em discussão no momento.

Em Santa Lúcia, o PSDB apoiará o candidato do PT à prefeitura, Jaury Antonio Scariot, que, na eleição de 2004 fez 48% dos votos na cidade. O PSDB e o PT vão enfrentar o PMDB, principal aliado estadual dos petistas, mas que em Santa Lúcia, é ferrenho adversário.

O presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, disse que o caso de Santa Lúcia ainda não foi analisado pela executiva estadual, mas que há particularidades nesta difícil relação entre PT e PSDB. ?Seria um excesso de zelo achar que não podemos nos aliar ao PT de jeito nenhum. Claro que são propostas de acordo que devem ser analisadas com cautela porque há problemas entre os dois partidos. Mas há setores do PT que nós respeitamos. Não somos radicais?, disse o dirigente tucano. E fez uma provocação: ?Inclusive, podemos aceitar o apoio do PT em Curitiba?.

O veto maior dos tucanos a acordos que fogem à lógica dos aliados tradicionais têm sido aplicado quando o diretório municipal tenta trocar uma candidatura do partido por uma de outra sigla. ?O que nós não admitimos é que alguém tente obstruir uma candidatura própria. Não conheço a situação de Santa Lúcia, mas acredito que não seja o caso?, afirmou o presidente estadual do PSDB.

São exceções

Integrante dos diretórios nacional e estadual do PT, Florisvaldo de Souza, disse que a resolução nacional que proíbe as alianças com o PSDB e DEM admite exceções. ?E elas são analisadas pela executiva estadual, que avalia se a proposta é importante ou não para o partido. Neste caso de Santa Lúcia é uma exceção?, afirmou Souza, admitindo que outras composições do gênero devem ocorrer nas eleições deste ano. ?Em alguns locais, a configuração será essa, mas são situações muito particulares?, afirmou o dirigente petista.

Para Souza, o acordo mineiro, entre o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que decidiram se juntar para apoiar um candidato do PSB, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda, é um caso à parte. ?Em Belo Horizonte, a situação tem uma complexidade muito maior. Lá, o debate tem um olhar para 2010?, disse Souza, referindo-se à estratégia de Aécio de conquistar espaço e aliados para ser candidato a presidente da República em 2010 com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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