A três dias da eleição que decidirá quem governará o País nos próximos quatro anos, PT e PSDB intensificam ações em busca de votos em Minas Gerais e, principalmente, na região metropolitana de Belo Horizonte. Lideranças e militantes dos dois partidos participaram hoje de uma série de atos na região da capital mineira e as ambas legendas planejam o encerramento das campanhas no sábado, com as presenças do tucano José Serra e da petista Dilma Rousseff na capital.
Após percorrer vários Estados para encontros com lideranças do partido, o ex-governador e senador eleito pelo PSDB mineiro, Aécio Neves, participou hoje, ao lado do governador reeleito Antônio Anastasia (PSDB) e do senador eleito Itamar Franco (PPS), de quatro carreatas na periferia da capital e em municípios vizinhos. “Viemos agradecer pelo apoio e mostrar nosso esforço para que José Serra possa ter um belo resultado também nessa região”, disse Aécio.
Minas tem 14,5 milhões de eleitores, sendo que 4,5 milhões estão na Grande BH. No primeiro turno, o presidenciável tucano obteve 24,5% dos votos da região, contra 33,1% de Marina Silva (PV) e 40,2% de Dilma. Hoje, Aécio, Anastasia e Itamar acompanham Serra em visita a Montes Claros, no norte de Minas, e a Uberlândia, no Triângulo Mineiro, regiões que juntas têm mais de 2 milhões de eleitores e onde o presidenciável do PSDB teve pior desempenho no Estado.
Apesar de a principal aposta dos tucanos ser a popularidade de Aécio, ele alfinetou partidários e aliados de outros Estados e ressaltou que só o eleitorado mineiro não garante a vitória. “O voto de Minas vale tanto quanto o de São Paulo, do Nordeste e de outras regiões. Para vencermos, é importante uma grande mobilização e o fortalecimento do candidato em todas as partes do País”, afirmou.
Mas o ex-governador se mostrou confiante em uma virada e minimizou as últimas sondagens eleitorais, que mostram vantagem de Dilma. “As pesquisas nessas eleições erraram muito. Os institutos de pesquisa, fora do calor eleitoral, devem algumas explicações aos brasileiros. É hora de nos preocuparmos mais com nosso trabalho, com a apresentação de nossas propostas, do que com análises de institutos de pesquisa.”
Militância
Já o PT em Minas investe na mobilização da militância. Desde o início da semana, o partido e aliados promovem atos, caminhadas e panfletagens nos principais pontos de aglomeração da capital. No sábado, está planejada uma caminhada na região central da cidade, com a presença de Dilma. “É simbólico. Ela vai encerrar a campanha na cidade onde nasceu”, disse o presidente do PT mineiro, o deputado federal reeleito Reginaldo Lopes.
A aposta da base aliada é no crescimento da petista no Estado no segundo turno. “Queremos uma grande movimentação nessa arrancada final para que a votação da Dilma ultrapasse os dois milhões de votos na Grande BH”, ressaltou o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB).
No primeiro turno, Dilma teve 434,1 mil votos em Belo Horizonte, equivalentes a 30,9% dos votos válidos, contra 389,4 mil (27,73%) de Serra e 560 mil (39,8%) de Marina. Reginaldo Lopes ressalta que, além dos 2 milhões de votos na região metropolitana da capital, o objetivo é ter ao menos 2,5 milhões de vantagem no Estado para compensar uma possível vitória tucana em São Paulo. No primeiro turno, Dilma obteve 5 milhões de votos em Minas, contra 3,3 milhões do tucano e 2,2 milhões da candidata verde.
Hegemonia política
Segundo Lopes, parte dessa vantagem será conquistada graças ao próprio adversário. Na avaliação do petista, ao mudar o tom do discurso, focando inclusive pontos como aborto e religião, o tucano ajuda Dilma a conquistar eleitores de outros candidatos. “Antes, ele (Serra) fazia um discurso de centro. Agora, militantes dos partidos mais radicais estão se alinhando à campanha da Dilma por causa do ‘endireitamento’ do Serra”, observou.
Ele declarou ainda que acredita no apoio até de militantes tucanos, já que, de acordo com Lopes, a vitória de Dilma “é boa para o Aécio e para o Anastasia”. “Quando Fernando Henrique governou, isolou Minas. Depois, não apoiou a reeleição do Azeredo (ex-governador Eduardo Azeredo, derrotado para o governo em 1998) e humilhou Itamar Franco”, disparou. “O próprio Aécio sempre lembrou que não se pode ter hegemonia política e econômica no mesmo Estado. A vitória de Serra deixaria São Paulo assim.”