Paralisadas desde o fim do ano passado, as negociações entre o Palácio do Planalto e o PSB para a eleição presidencial serão retomadas hoje em clima tenso. Dizendo-se irritados com a pressão petista para retirar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) da disputa, líderes do PSB já difundem a ideia de que os aliados estão sendo desleais.
Já os colegas de legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixam da demora de Ciro em definir seu futuro político, amarrando a montagem do palanque da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no maior colégio eleitoral do País.
A tentativa de buscar uma solução para o imbróglio vai dominar o cardápio do jantar marcado para hoje no Palácio do Campo das Princesas, em Recife, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB. Também participam o vice-presidente do PSB, ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, e o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra.
O PSB insistirá no discurso de que o melhor é que a base aliada lance dois nomes da base. “A ministra Dilma Rousseff pode estar na frente hoje, mas em abril quem diz que não será o Ciro Gomes? Por isso apostamos na nossa candidatura”, disse Campos, após conversa que teve com o presidente. Aliados avisam que Lula entrará em cena com o discurso de que a derrota de Michelle Bachelet, no Chile, prova que essa estratégia poderá custar a Presidência.
Abertamente, petistas optaram por manter o tom ameno na véspera do encontro. “Vamos aguardar com tranquilidade o desenrolar do jantar”, disse Dutra. Nos bastidores, o sentimento que circula no PT é o de que não há mais tempo a perder esperando por Ciro, enquanto ele “passeia no exterior”. O deputado esticou a folga de fim de ano e só retornou das férias esta semana.
O Planalto já dá como praticamente enterrada a tese de que Ciro poderia concorrer em São Paulo. Por enquanto, a ordem é não fazer nenhuma outra proposta, até que ele responda ao convite. Mas já circulam no PT fórmulas alternativas para buscar uma eleição plebiscitária entre Dilma e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).