Em pelo menos oitenta cidades paranaenses, o PP e o PT deverão estar aliados nas eleições municipais deste ano. O levantamento foi apresentado ontem durante reunião, em Curitiba, entre a presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, e o deputado federal Ricardo Barros, presidente do PP do Paraná, que começaram a discutir as coligações entre as duas siglas para este ano.
Aliados no governo federal, PT e PP já têm pré-acordos em pequenos municípios, mas ainda não chegaram a um entendimento nos maiores colégios eleitorais do estado, como Curitiba. Em algumas cidades, como Londrina e Maringá, a negociação nem vai começar já que os dois partidos têm candidatos próprios à prefeitura. Em Londrina, o deputado federal André Vargas (PT) é candidato contra o deputado estadual Antonio Belinati (PP). Em Maringá, o atual prefeito, Silvio Barros (PP), é candidato à reeleição e o PT deve lançar o secretário estadual de Planejamento, Ênio Verri.
Nesta primeira fase, os dois partidos estão discutindo apenas as cidades onde não existem resistências ou dificuldades para uma coligação, disse o deputado federal Ricardo Barros, que também é vice-líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ?Estamos começando a conversar pelas nossas convergências. O que fizemos agora foi listar onde o PT e o PP vão estar juntos. Em março, fechamos esse quadro e depois, vamos fazer o mapa das regiões pólo, onde as decisões são tomadas bem mais para a frente?, afirmou o presidente do PP.
Em construção
Em Curitiba, o PP é um aliado considerado certo pelo PSDB do prefeito Beto Richa. O partido integra a administração tucana e algumas das suas lideranças, como o deputado estadual Ney Leprevost, anteciparam que são contra uma mudança. ?Não discutimos Curitiba?, disse Barros, citando que, da mesma forma como Ponta Grossa, Cascavel e Foz do Iguaçu, as composições ainda estão em discussão.
Gleisi disse que o resultado da conversa com a direção estadual do PP será exposto na reunião do diretório estadual no próximo sábado, dia 1.º de março. Neste encontro, o diretório irá definir o eixo das composições que fará na disputa eleitoral deste ano. ?Já temos alianças com o PP em vários municípios e principalmente na composição do governo federal. Vamos conversar sobre o assunto no diretório do PT?, afirmou a presidente estadual do PT e pré-candidata à prefeitura de Curitiba.
A dirigente estadual do PT disse que uma das orientações é para que a sigla se junte em 2008 aos partidos que integram a base de sustentação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Veneri defende mais coerência
A política de alianças do PT para as eleições municipais já é um dos temas das discussões internas entre os pré-candidatos do partido a prefeito de Curitiba. O deputado estadual Tadeu Veneri, que disputará a prévia do partido marcada para 9 de março, com a presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, e o militante Luiz Herlain, discorda da tese de que o partido deve reproduzir as alianças do governo federal nas eleições deste ano.
Em debate realizado anteontem, em Curitiba, Veneri disse que esta lógica está equivocada. ?Não dá para se aliar a quem quer nos destruir?, disse o deputado. Ele defende uma linha de composições com base em afinidades programáticas. ?O partido tem que se afirmar em torno de um projeto. Aliança para nós não pode ser pragmática. Tem que ser programática?, disse.
Veneri mencionou que os panoramas estaduais e municipais apresentam diferenças em relação à base de apoio de Lula. ?Cada município tem as suas especificidades. Ou alguém diria que o Luciano Ducci [vice do tucano Beto Richa e filiado ao PSB] pode ser nosso nome para vice-prefeito?? (Elizabete Castro)
