PT e MST protestam contra prisões em Iaras e Borebi

Políticos do PT e líderes de organizações ligadas à defesa da reforma agrária acusaram ontem a Polícia Civil do Estado de São Paulo, subordinada à Secretaria de Segurança Pública (SSP), de ter agido com objetivos políticos e eleitorais no episódio da detenção de líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na terça-feira. Hoje, no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, haverá um ato de protesto contra a ação policial.

As prisões, ocorridas nos municípios de Iaras e Borebi, fazem parte da Operação Laranja, que investiga a destruição de um laranjal e a depredação das instalações de uma fazenda da empresa Cutrale por militantes do MST, em outubro do ano passado. Entre os detidos estavam dois políticos filiados ao PT.

Ontem, o deputado estadual Simão Pedro (PT), da Frente Parlamentar pela Reforma Agrária, pediu explicações ao governo sobre possíveis irregularidades na operação. “O PT condena a destruição do laranjal, mas não podemos concordar com o fato de os advogados não terem tido acesso aos autos do inquérito. Isso tolhe o direito dos presos.”

O coordenador nacional da área de movimentos sociais do PT, ex-deputado Renato Simões, criticou a polícia por ter distribuído os detidos por diferentes locais da região de Bauru, dificultando a ação da defesa e o contato dos familiares. “O episódio mostra o que pode ser a política de José Serra (governador do Estado, do PSDB) em relação aos movimentos sociais, caso seja eleito presidente”, disse.

Ofensiva

Para a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a operação faz parte de uma ofensiva para criminalizar movimentos sociais. “A foto publicada no Estado, com um homem algemado e puxado por um policial, diz tudo sobre a cultura jurídica em vigor neste país, onde qualquer pobre que se organiza é visto como criminoso”, disse Dirceu Fumagalli, da Pastoral. Segundo Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, a ação policial foi “um show pré-eleitoral”.

Ontem, o delegado responsável pela operação, Benedito Valencise, da Seccional de Bauru, refutou as acusações. “O inquérito foi instaurado há vários meses e é público”, afirmou. O Palácio dos Bandeirantes não quis comentar as críticas.

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