Os petistas paranaenses reagiram ontem às queixas do governador Roberto Requião (PMDB) sobre o tratamento dado às reivindicações de recursos do Paraná pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente estadual do partido, André Vargas, e os deputados federais Dr. Rosinha e Clair Martins rejeitam a acusação de que o Paraná estaria sendo discriminado na distribuição de verbas e obras financiadas pelo governo federal e apontam outras razões para as críticas do governador.
Clair acha que falta articulação do Palácio Iguaçu junto à bancada federal. Para o deputado Dr. Rosinha, o problema está no modelo econômico adotado pelo governo federal, que direciona todos os recursos para o pagamento da dívida externa. Mas para o presidente estadual do partido, deputado estadual André Vargas, Requião está jogando politicamente, pensando em polemizar com o governo federal para ajudar na sua reeleição, em 2006.
Vargas disse que o volume de recursos liberados pelo governo federal ao Paraná permite ao governador realizar muitas das obras que hoje são mostradas na publicidade oficial. "Sem o Lula, o Requião não teria feito um metro de rede de esgoto e nenhuma oca da Cohapar", afirmou o presidente estadual do PT. Vargas afirmou que tanto as obras de saneamento do governo do Estado como a construção de moradias para índios, um programa desenvolvido pela Cohapar, têm financiamento integral da União.
Para o deputado federal Dr. Rosinha, o modelo econômico reduz o volume de verbas que poderiam ser transferidas aos estados. "Este modelo econômico tem maltratado não apenas o Paraná, mas todo o País. E o Requião concorda com este modelo porque vem pagando todas as dívidas que o Jaime Lerner deixou. Ele contesta os contratos, mas paga. Enquanto isso não muda, pode ter cinqüenta deputados do PT pedindo dinheiro para o Paraná que não vai adiantar nada", atacou.
Para a deputada Clair, o governo do Estado não tem se empenhado em mobilizar a bancada. "O governo está ausente das discussões da bancada como um todo. Não tem conversa do governo nem com a bancada do PT e nem com a do PMDB", disse a deputada, citando que nem coordenador de bancada o Paraná tem. O dono do cargo, José Borba, deixou o PMDB e está ameaçado de cassação, acusado de envolvimento no escândalo do mensalão.
Rosinha e Vargas acham ainda que o governador do Paraná está buscando desvincular-se do PT, aliado de 2002, no processo eleitoral do próximo ano. "O Requião está construindo a candidatura dele. Não vejo problema porque o PT não é um aliado do Requião para disputar as eleições no primeiro turno", afirmou.
Rosinha disse ainda que o afastamento de Requião vem se dando aos poucos. E citou a exoneração de petistas que ocupavam cargos nos núcleos do governo no interior do Estado determinadas recentemente. Foi o que ocorreu, segundo o deputado, em Laranjeiras do Sul e Cornélio Procópio, onde os responsáveis pelos núcleos das secretarias da Agricultura e do Trabalho foram afastados.
Para Vargas, o governador não deveria perder tempo tentando se "descolar" do PT. "A ingratidão é a marca do governador do Paraná. Mas antes mesmo da crise no governo, nós já havíamos decidido ter candidato ao governo. Nada mudou", afirmou.
