PMDB quer o cargo de Hermes Fonseca, do PT, na CCJ. |
O líder do governo na Assembléia Legislativa, Natálio Stica, não quer deixar o cargo e o presidente estadual do PT, deputado estadual André Vargas, decidiu levar o caso novamente ao diretório para decidir sobre as relações do partido com o governo de Roberto Requião (PMDB). A queda-de-braço interna foi reforçada com a ida do ex-prefeito de Ponta Grossa, Péricles Holleben de Mello, para a diretoria administrativa da Sanepar.
André Vargas acha que está sendo desrespeitada a decisão do diretório estadual, que em dezembro do ano passado deliberou pela independência em relação ao governo e orientou os filiados para que se afastassem dos cargos ocupados no governo. Ontem, Stica disse que foi apenas uma "recomendação" e que não pode prevalecer a posição pessoal de um membro do partido. "Aceito a decisão do partido como instância, mas não a decisão de uma pessoa. O PT não definiu que eu tenho que deixar a liderança", argumentou.
Stica afirmou que não concorda com a justificativa do diretório para o afastamento de Requião. Segundo Stica, o projeto de candidatura própria ao governo no próximo ano não pode prejudicar a participação do PT no atual governo. "Não podemos deixar de colaborar com o governo em nome de uma campanha que vai acontecer daqui a um ano e meio. Não dá para pautar a eleição acima do governo", disse.
Revisão
Vargas disse que uma deliberação do diretório tem que ter conseqüências e que a única saída é submeter novamente a posição do partido à discussão no encontro estadual que está programado para os dias 9 e 10 de março. "Vamos chamar o diretório para se posicionar novamente. Se o diretório decidir que temos de apoiar o governo Requião até o final, assim será. Agora, o que não dá é para o diretório decidir e depois tudo ficar igual. O padre Roque fica, o Stica fica e o Péricles entra", afirmou o presidente estadual do partido.
O líder do governo afirmou que o fato de os petistas permanecerem em suas posições no governo peemedebista não prejudica os projetos políticos do PT em 2006. "A hora que o partido definir o nome do candidato, daí sim. Mas agora é querer decidir pelo povo", comentou.
O clima de disputa com o PMDB deve ressurgir em plenário. Os dois partidos almejam a presidência da Comissão de Constituição e Justiça. Ontem, o atual presidente, Hermes Fonseca (PT), disse que é candidato à reeleição. Mas o PMDB também está articulando sua candidatura e baterá o martelo em reunião da bancada convocada para a próxima semana.
No PT, as divergências de posições devem se consolidar no processo de eleição direta para os diretórios municipais, estadual e nacional, que será em 18 de setembro. A inscrição das chapas para o diretório estadual termina em 20 de junho. Os cerca de quarenta mil filiados vão decidir quem irá conduzir o partido e o processo eleitoral de 2006. Vargas é candidato à reeleição, mas existem outras alas se articulando para lançar chapas concorrentes.
Assembléia inicia votação do regimento
A Assembléia Legislativa começou a votar ontem o novo Regimento Interno. Na primeira sessão, os deputados aprovaram a constitucionalidade da proposta que recebeu um substitutivo geral da mesa executiva. Apesar dos protestos do 1.º secretário, deputado Nereu Moura (PMDB), o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), manteve a decisão de votar integralmente o regimento, antes de instalar as comissões. "O presidente da Assembléia sou eu. Cada um cumpre as suas funções. E essa é uma decisão do presidente", finalizou Brandão.
Ele apenas concordou em alterar a forma de votação. Anteriormente, Brandão propunha votar cada um dos artigos da proposta de 68 páginas, com as respectivas emendas. Agora, o presidente da Assembléia pretende votar apenas o substitutivo, abrindo a oportunidade para que os deputados apresentem novas emendas. Aquelas que já foram rejeitadas antes – de um total de 189 foram acolhidas 60 – não poderão ser reapresentadas, disse.
O presidente da Assembléia manteve a proposta de redução do número de comissões de 17 para onze. A Comissão de Terras e Colonização é uma das que devem ser extintas. Brandão afirmou, entretanto, que não pretende alterar o critério de representação partidária, incorporando nos cálculos da proporcionalidade das bancadas as trocas partidárias ocorridas no período. Segundo Brandão, a emenda propondo a modificação – atualmente, o regimento prevê que o cálculo é feito com base no tamanho da bancada em 2003 – foi recusada e não será aceita.
Mas nem todos concordam com a condução dada por Brandão à votação. Deputados do PT pretendem insistir na aprovação de emendas apresentadas pela bancada e que não entraram no substitutivo elaborado por Brandão com a colaboração do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Hermes Fonseca (PT).
O líder da bancada do PT, Tadeu Veneri, disse que pretende resgatar a proposta que permite aos deputados licenciados para cargos de secretário de Estado manter seus gabinetes na Assembléia. Era uma proposta do partido acabar com a prerrogativa de secretários de Estado continuarem ocupando gabinetes parlamentares. A emenda foi recusada pela Comissão Executiva. (EC)