Quem busca, no discurso de campanha do Partido dos Trabalhadores, sinais de ajustes estruturais a serem feitos em um eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff não deve ter sucesso. A visão é do analista político Christopher Garman, Diretor de Estratégia para Mercados Emergentes e América Latina da Eurasia Group, para quem o partido vai adotar, durante o período eleitoral, um discurso “populista” forçando a comparação com os governos do PSDB.
“O PT vai mostrar que entrega renda e emprego e que a situação econômica hoje é melhor que no passado. O setor privado que procura sinais de ajustes mais estruturais não vai encontrar isso no discurso”, disse durante uma conferência promovida pela Go Associados.
A avaliação de Garman é que um ajuste fiscal no ano de 2015 pode acontecer, mas dificilmente será feito com corte de gastos. “Acho muito difícil um segundo mandato da presidente Dilma atacar o problema fiscal com o corte de gastos. Acho que ajuste virá via aumento de receita”, afirma.
Outro convidado para a conferência, o ex-secretário de Política Econômica Roberto Macedo afirma que o Brasil vive um dilema político com a população cobrando serviços de qualidade que o Estado ainda não tem condições de oferecer. Macedo acha que o País vive um “estado de bem estar social precoce”. “(O País) Quer avançar no estado do bem estar, mas não tem recursos e a população quer mais”, afirma Macedo, para quem a saída é o Estado admitir que não tem recursos e se abrir para o capital privado.