Para o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, a atuação da bancada petista no salvamento político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), é uma mostra da desaparição do PT como partido ideológico, “que seria diferente de tudo que está aí”.
Ex-professor titular do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rodrigues afirma que os petistas moldaram seu comportamento às necessidades de Lula, já que também dependem politicamente do presidente.
Segundo ele, o PT completou a trajetória que tendem a seguir os partidos que, da oposição, chegam ao poder e passam a carregar, ao mesmo tempo, as responsabilidades e as benesses do poder. “O contraste entre os dois momentos tende a ser mais forte nos partidos de esquerda, que prometem muito e que, inicialmente, sinceramente achavam que conseguiriam resolver substancialmente a vida dos mais pobres”, afirmou.
O especialista acredita, em princípio, que a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva tem condições de atrair o eleitorado petista descontente com os rumos do partido. Para Rodrigues, a imagem de Marina é boa e seria um contraponto feminino inesperado e desagradável para Dilma (Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil), que, ao contrário da senadora acreana, tinha militado muito pouco tempo no PT e não tem experiência de campanha.
“O eleitor comum e desinformado vai se fixar no desempenho e na imagem que as duas passarem, especialmente na TV. Mas, como quase todo mundo sabe, eleições não se ganham apenas por aquela parte da atuação dos candidatos que é visível e exposta aos eleitores. É preciso dinheiro – muito -, máquina partidária, diretórios, marketing adequado e, não nos esqueçamos, apoio de parcelas importantes da classe política. No momento, é impossível ter uma ideia mais precisa da atuação das duas”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.