Troca de farpas

PT critica Bolsonaro por não reconhecer governo de Maduro

Gleisi criticou, em nota, a decisão do governo de Jair Bolsonaro de não reconhecer o novo mandato de Maduro. Foto: Paulo Pinto/Partido dos Trabalhadores

O Partido dos Trabalhadores (PT) emitiu uma nota repudiando a decisão do governo brasileiro de não reconhecer o novo mandato de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela e de apoiar a agenda política do presidente americano Donald Trump em relação ao país sul-americano. Na semana passada, os representantes do Grupo de Lima, incluindo o Brasil, assinaram uma declaração não reconhecendo a legitimidade do novo mandato de Maduro, que começa oficialmente na próxima quinta-feira (10).

“A decisão do novo governo brasileiro de apoiar a recente declaração do Grupo de Lima, que não reconhece o mandato do presidente Maduro e incita a realização de um golpe de Estado na Venezuela, contraria as mais altas tradições da diplomacia do Brasil, que, atendendo aos princípios constitucionais da não-intervenção e da solução pacífica das controvérsias, sempre apostou no diálogo e na negociação como únicas formas de resolver o conflito interno daquele país irmão”, diz a nota do PT.

Para o partido, o Brasil seguiu a uma agenda política defendida por Trump, que tenta “desestabilizar o governo eleito daquele país (Venezuela) e acirrar seu conflito interno”. Na nota, o PT diz que a decisão demonstra que o Brasil não tem política externa autônoma e adverte que a decisão deve “agravar o conflito interno da Venezuela, fragilizar a integração da América Latina, apequenar o Brasil e, muito provavelmente, ocasionar grave instabilidade em toda a nossa região”.

A nota é assinada por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e por Lindbergh Farias e Paulo Pimenta, respectivamente, líderes do partido no Senado e na Câmara.

O que decidiu o Grupo de Lima

Dos 13 integrantes do Grupo de Lima, somente o México não assinou o documento que não reconhece Nicolás Maduro como presidente da Venezuela. O Brasil, já representado pelo novo chanceler, Ernesto Araújo, assinou o documento.

Nicolas-MaduroO grupo afirma que o mandato de Maduro foi conseguido através de uma eleição ilegítima. “O processo eleitoral realizado na Venezuela em 20 de maio de 2018 carece de legitimidade por não haver contado com a participação de todos os atores políticos venezuelanos, nem com a presença de observadores internacionais independentes, nem com garantias e padrões necessários a um processo livre, justo e transparente”, diz o comunicado oficial do grupo.

No documento, o grupo pediu que o mandatário venezuelano não assuma o mandato e transfira o poder para a Assembleia Nacional até a realização de eleições livre. O grupo, porém, rejeitou a ideia de uma intervenção internacional.

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