Lideranças petistas reunidas hoje em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, deram voz à resolução aprovada ontem pelo Diretório do PT de São Paulo intitulada “Derrotar PSDB/DEM para São Paulo Avançar”. No documento, o PT admite pela primeira vez que o partido irá buscar as bases do PMDB no Estado nas eleições de 2010. “Essa eleição vai ser para desconstruir o mito do PSDB em São Paulo e a disputa estadual será uma linha auxiliar do PT contra a campanha suja que o possível candidato deles à presidência sabe e irá fazer”, disse, hoje, a ex-ministra do Turismo e ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, referindo-se a Serra.
Marta defendeu o nome do ex-ministro da Fazenda, deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) ao governo paulista e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff à Presidência da República. Disse ainda que a vitória de Dilma nas eleições nacionais e a permanência do PT nos quatro anos depois de um suposto primeiro mandato da ministra, “acabará com o PSDB, para a nossa alegria”.
Já o presidente estadual do PT, Edinho Silva, disse que Serra “traz as marcas do neoliberalismo” e também citou outro ponto da resolução do partido, que é a de realizar uma marcha de prefeitos e vices a São Paulo cobrar diálogo entre o governo paulista e os municípios. “Vamos comparar a posição do presidente Lula, que sempre defendeu os municípios, com a do governador Serra, que não reconhece os municípios como parceiros”, concluiu.
A resolução aprovada ontem pelo diretório petista de São Paulo faz parte da tentativa do partido de barrar a aliança defendida pelo ex-governador Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB, pela coligação com o PSDB e com o Democratas. “É nossa tarefa disputar as bases do PMDB paulista, impedindo que a iniciativa do Quércia de consolidar um bloco liderado por Serra e Kassab tenha êxito”, diz um trecho da resolução.
Além dessa orientação de aproximação com o PMDB paulista, a resolução do PT pouco revela sobre as estratégias político-partidárias do PT para 2010 no Estado, governado há anos pelo PSDB. “Teremos de buscar a polarização de projetos junto à sociedade paulista e criarmos a demarcação de campos políticos que representem projetos opostos de organização social e econômica”, informa o texto, que pede a mobilização interna do PT para “politizar a disputa política interna”.
O restante do documento apresenta as realizações dos mais de seis anos de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mas, principalmente, traz uma série de críticas ao governador paulista José Serra (PSDB). Entre elas, o PT acusa Serra de estar “guardando dinheiro para aplicar em obras a partir de 2010, tendo em vista a candidatura a presidente da República” e “por interesses eleitorais”.
O PT aponta ainda a participação do governo federal em obras estaduais e chega a dizer que “o governo do presidente Lula autorizou e é fiador do governo José Serra em financiamentos internacionais, que somam mais de US$ 4 bilhões”, para obras como as do Metrô, Rodoanel e de recuperação de rodovias, entre outras.