PT avalia que Vaccari “passou pelo teste” da CPI da Petrobras

Dirigentes do PT e ministros do governo avaliaram que o tesoureiro João Vaccari Neto conseguiu passar pelo teste da CPI da Petrobrás sem sobressaltos. Embora muitos deputados e senadores petistas digam que Vaccari deveria deixar o cargo para se defender, o depoimento desta quinta-feira, 9, serviu para jogar água na fervura petista.

A presidente Dilma Rousseff não assistiu nenhum trecho da sessão da CPI, mas foi informada por auxiliares de que tudo transcorreu “dentro das expectativas”. Conhecido pela discrição, Vaccari recebeu treinamento intensivo de perguntas e respostas – técnica chamada de “media training” -, feito por uma empresa de comunicação, em São Paulo.

“Foi um depoimento sem surpresas. Ele estava bem orientado, foi econômico nas palavras e se saiu bem”, afirmou o senador Delcídio Amaral (PT-MS). “A oposição criou uma rede de proteção para evitar o depoimento de outros tesoureiros. Se o propósito da CPI é investigar a corrupção na Petrobras, é preciso que outros sigam o exemplo de Vaccari”, disse o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC).

Apesar de Vaccari ter conseguido uma “sobrevida” no PT, muitos congressistas argumentam que a direção do partido “erra” ao associar a estratégia de defesa do PT à do secretário de Finanças. Para o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, o PT deve afastar o tesoureiro “preventivamente”, para que ele possa se defender sem contaminar a legenda.

Até mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi acionado por petistas, no mês passado, para convencer Vaccari a entregar o cargo. Em conversas reservadas, alguns ministros do PT dizem que a situação do secretário de Finanças é “insustentável” e, mais cedo ou mais tarde, terá de ser resolvida.

O destino de Vaccari será decidido na próxima semana, em reunião do Diretório Nacional do PT. A tendência Mensagem ao Partido – liderada por Tarso e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – defenderá o afastamento do tesoureiro. A corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), comandada por Lula, está dividida sobre o assunto. O receio é que a saída de Vaccari seja interpretada como uma “confissão de culpa” do partido. Em 2005, o tesoureiro Delúbio Soares foi expulso, no rastro do escândalo do mensalão, mas cinco anos e meio depois recebeu a anistia do PT e foi reabilitado.

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