A Mesa da Câmara pode decidir, na próxima semana, se pedirá abertura de investigação sobre o envolvimento do deputado André Vargas (PT-PR), 1º vice-presidente da Casa, com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal.
Como não houve iniciativa da Câmara desde a veiculação de reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), protocolou hoje (03) pedido para que o caso seja apurado. O jornal revelou que Vargas usou um avião de Youssef para uma viagem a João Pessoa.
“A atitude mostra uma relação promíscua entre o público e o privado por um dirigente da Mesa da Câmara. Por isso, pedimos que a mesa se pronuncie e peça para que a corregedoria investigue a fundo e tome as medidas necessárias”, explicou Valente.
Se a mesa acatar a sugestão, a Corregedoria da Câmara vai reunir documentos, ouvir o parlamentar e decidir se arquiva a investigação ou encaminha ao Conselho de Ética para abertura de um processo de cassação.
“Fizemos a provocação. Entendemos que o colegiado tem a responsabilidade de mandar investigar o vice-presidente. Vamos esperar a deliberação”, afirmou. Segundo o jornal, o empréstimo da aeronave foi discutido entre Vargas e Youssef por mensagem de texto no início de janeiro.
O parlamentar chegou a divulgar uma nota para dizer que é amigo do doleiro e que não tem qualquer envolvimento com os negócios de Youssef. Vargas fez um discurso no plenário da Câmara, negando envolvimento com negócios do doleiro, mas admitindo que conhece Youssef há mais de 20 anos.
O vice-presidente da Câmara disse que foi surpreendido com as notícias sobre a investigação de Youssef, e ressaltou que desconhecia os motivos pelos quais ele estava sendo investigado.
Ivan Valente disse que o reconhecimento de que o caso foi “uma imprudência”, conforme Vargas definiu em plenário, não é suficiente diante das denúncias. “Ele mesmo colocou que foi uma imprudência. Mas acho que foi mais que isso, e precisaria de uma resposta mais adequada”, defendeu.