O PSOL registrou no Conselho de Ética uma terceira representação contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), por suposta quebra de decoro parlamentar. O partido pede ao órgão que investigue se o peemedebista teve participação no esquema de desvio de R$ 500 mil de um patrocínio cultural da Petrobras pela Fundação José Sarney e o fato de o parlamentar ter ocultado da Justiça Eleitoral a propriedade de uma casa em Brasília, avaliada em R$ 4 milhões.
No início do mês, após reportagem em que o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou o desvio do dinheiro pela fundação, Sarney afirmou que não tinha responsabilidade pela entidade, da qual é presidente vitalício. No caso da omissão da propriedade da casa, o senador disse ter ocorrido um “erro do técnico” que fazia suas declarações.
A nova representação contra Sarney foi apresentada pelo senador José Nery (PA) – único eleito pelo PSOL para a Casa – e pela vereadora Heloísa Helena (AL), presidente do partido, que viajou de Alagoas a Brasília especialmente para acompanhar o parlamentar no momento de protocolar o documento. “Infelizmente, temos mais dados, e o PSOL cumpre a sua obrigação. Existem fatos que mostram tráfico de influência e exploração de prestígio”, disse Heloísa Helena.
A representação registrada hoje é a terceira do PSOL no Conselho de Ética. As primeiras, protocoladas no final de junho, pedem para o colegiado investigar a responsabilidade de Sarney e do ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) na edição dos atos secretos, usados para criação de cargos, nomeações e aumentos salariais.
Hoje, o PSOL pediu à Secretaria do Conselho de Ética que inclua na primeira representação contra Sarney a reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” nas quais o senador aparece, em diálogos ao telefone gravados pela Polícia Federal (PF), intercedendo pela contratação do namorado de sua neta no Senado, feita por ato secreto. A avaliação da vereadora Heloísa Helena é a de que, com a publicação da reportagem, “não existem mais indícios (de crimes), existem fatos”.
PSDB
O PSDB também é autor de três representações contra o presidente do Senado no Conselho de Ética. A primeira atribui a Sarney responsabilidade pela edição dos atos secretos, outra pede investigação sobre o desvio de dinheiro da Petrobras e a terceira trata de suposto favorecimento do senador a seu neto José Adriano Cordeiro Sarney, cuja empresa operava crédito consignado a servidores da Casa.
Esses três assuntos já tinham sido motivo de denúncias apresentadas individualmente pelo líder do partido, Arthur Virgílio (AM), em quatro documentos separados, que também serão analisados pelos conselheiros. Caso seja julgado culpado das acusações, Sarney poderá sofrer punições que variam de uma simples advertência verbal à cassação do mandato de senador.