O único senador eleito pelo PSOL, José Nery (PA), apresentará amanhã ao Conselho de Ética, acompanhado da presidente do partido, a vereadora Heloísa Helena (AL), uma nova representação por quebra de decoro parlamentar contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Na representação, o partido questionará o suposto esquema de desvio de dinheiro de patrocínio cultural da Petrobras pela Fundação José Sarney, episódio em que o senador negou ter responsabilidade pela Fundação. O PSOL questionará ainda o fato de o peemedebista ter ocultado da Justiça Eleitoral uma casa, avaliada em R$ 4 milhões, que ele possui em Brasília.
O PSOL foi o primeiro partido a apresentar representação contra Sarney no Conselho de Ética, acusando-o de participação na edição de atos secretos no Senado, que teriam sido usados para, entre outras coisas, nomear parentes de senadores sem conhecimento público. O partido também pedirá, amanhã, que as denúncias veiculadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, nas quais Sarney aparece, em gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal, intercedendo pela contratação do namorado de sua neta no Senado, sejam incluídas no primeiro documento entregue pelo partido ao colegiado. “A reportagem traz a confirmação de nepotismo e tráfico de influência praticados pelo presidente José Sarney na edição de atos secretos no Senado e, por isso, faremos o pedido de aditamento da denúncia à primeira representação que apresentamos”, explicou Nery.
A avaliação do senador é de que a saída de José Sarney da presidência do Senado não será suficiente para arrefecer a crise, que, segundo ele, só será resolvida com uma “ampla investigação, sem a interferência de Sarney”. “A saída dele não põe fim à crise instalada no Senado, esta crise que levou o Senado à vala comum da corrupção que existe no País”, disse o senador.
Hoje o PSDB registrou no Conselho de Ética três representações contra Sarney. A primeira responsabiliza Sarney pela edição dos atos secretos, outra pede a investigação sobre as supostas fraudes na Fundação José Sarney, e uma última questiona a interferência do senador a favor de seu neto, José Adriano Cordeiro Sarney, que operava crédito consignado na Casa. Caso seja julgado culpado das acusações, Sarney poderá sofrer punições que variam de uma simples advertência verbal até a cassação do seu mandato parlamentar.