Quando o PSDB foi fundado, em 1988, Aécio ainda era o tímido neto de Tancredo Neves, eleito dois anos antes deputado federal pelo PMDB. Passados 22 anos e três derrotas sucessivas dos tucanos para o PT na disputa pela presidência da República, o ex-governador de Minas Gerais por dois mandatos, que foi eleito no primeiro turno deste pleito para o Senado com votação recorde, está entre aqueles que terão de mudar o PSDB. Ou melhor, reinventar o PSDB, principalmente depois da derrota do tucano José Serra para a presidenciável petista Dilma Rousseff.
Aécio tem tudo para ser o líder de oposição ao governo de Dilma. O que não se sabe é até onde vai sua disposição em enfrentar o PT. Tido como bom negociador e conciliador, formado na antiga escola do avô, uma das raposas da política brasileira, Aécio ainda precisa ser testado nesse papel de líder oposicionista. Para obter sucesso, terá de dar vida ao PSDB e fazer uma renovação profunda.
Em todo esse processo, haverá uma troca de gerações. Afinal, estão mortos os grandes caciques que assinaram o manifesto de criação do PSDB, como Franco Montoro, Mário Covas e José Richa. A exceção é Fernando Henrique Cardoso, que tem quase 80 anos e está fora do jogo eleitoral de 2014. Apesar de quase oito anos mais velho do que Aécio, o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, pode ser incluído na geração mais jovem.
Em contrapartida, Alckmin terá de lidar com o fato de “ser um paulista”, entre tantos outros que já mandaram no PSDB, desagradando tucanos de outras paragens, como os do Ceará que sempre criticaram esse viés. E a derrota de José Serra deverá desidratar ainda mais esse paulistismo do partido.
A renovação do PSDB terá também de ampliar a base da legenda, pois desde a sua criação sempre teve forte apoio entre os setores mais organizados da sociedade civil, mas não entre o eleitorado de massa. Ao contrário do PMDB e do PT, o PSDB nunca foi um partido que se espalhou pelo Brasil. Em 2002, foram eleitos 72 deputados federais. No ano seguinte, 65. A bancada no Senado também minguou.
Nesse trabalho de recriar o PSDB, estarão Aécio e Alckmin – ambos de olho em 2014. A favor do mineiro, o fator novidade já que ele ainda não foi testado numa eleição presidencial. O governador paulista, ao contrário, foi derrotado por Lula, em 2006. Entre os novatos que vem ganhando força política, Beto Richa também vai querer ter voz nesse processo. Mas como Serra disputou o segundo turno deste pleito, há quem aposte que ele também irá batalhar para continuar tendo papel de destaque neste cenário.