No momento em que o PSDB planeja se reinventar como partido de oposição e acirrar as críticas ao governo federal para não perder o eleitorado conquistado em 2014, tucanos paulistas e mineiros travam uma disputa nos bastidores pela liderança da legenda na Câmara dos Deputados. O próximo líder da bancada – que será a terceira maior da legislatura e contará com 54 parlamentares – terá grande visibilidade, além de protagonismo na engrenagem partidária.

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Nos últimos quatro anos, os deputados tucanos adotaram um sistema de rodízio e elegeram líderes de São Paulo ou do Nordeste na bancada. Em 2015, os nordestinos abriram mão da disputa e os mineiros se apresentaram.

Postulantes à vaga de candidato do PSDB ao Palácio do Planalto em 2018, o senador mineiro Aécio Neves e o governador paulista Geraldo Alckmin não vão se posicionar oficialmente a favor de ninguém, mas estão acompanhando de perto as movimentações. A definição ocorrerá no dia 30, em uma reunião da bancada em Brasília.

A disputa entre paulistas e mineiros no PSDB já ocorreu em outras ocasiões, como em 2010, quando o grupo de Aécio tentou ganhar mais espaço no partido para lançá-lo candidato à Presidência. A vaga, porém, ficou com o paulista José Serra.

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Nomes

Três nomes de Minas Gerais, todos da estrita confiança de Aécio, se apresentaram: Marcus Pestana, que é presidente do PSDB no Estado, Paulo Abi Ackel e Domingos Sávio. Por São Paulo, estão no páreo Vanderlei Macris e Carlos Sampaio. O primeiro é visto como mais próximo a Alckmin. Já Sampaio se apresenta como interlocutor entre o governador e o senador, que também é presidente nacional do partido.

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Na campanha presidencial do ano passado, ele coordenou a área jurídica da campanha aecista. No cabo de guerra entre os dois Estados, os mineiros argumentam que precisam da vaga para fortalecer a sigla regionalmente. Eles preveem uma ofensiva do PT, que ganhou o governo mineiro depois de 12 anos de gestão tucana. “Tentarão desmontar o Aécio a partir de Minas. Nós precisamos de interlocutores para fazer o embate com o Pimentel”, diz Pestana, em referência ao governador petista Fernando Pimentel. Ele garante, porém, que não há “clima de disputa”. Em campanha aberta, ele telefonou para todos os governadores do PSDB e enviou textos de sua autoria para os parlamentares. A principal alvo, porém, são os novatos. Dos 54 deputados da legenda, 29 são debutantes. “Eles são muito jovens. Têm entre 26 e 40 anos”, diz Pestana.

Já os paulistas apresentam como argumento o sucesso nas urnas em 2014 – elegeram Alckmin no 1º turno e deram a maior votação presidencial da história do PSDB no Estado. “O PSDB paulista fez seu dever de casa no ano passado. Além disso, é preciso que haja um equilíbrio de forças entre São Paulo e Minas Gerais no partido. Aécio já é presidente do partido e (o Estado de Minas) está bem contemplado”, diz Milton Flávio, presidente do PSDB paulistano.

Antecipação

Em visita ao Palácio dos Bandeirantes na semana passada, Carlos Sampaio garantiu, segundo interlocutores do governador, que já tinha amarrado pelos menos 11 votos entre os deputados paulistas, informou que o “alckmista” Silvio Torres havia desistido da disputa e se apresentou como o nome capaz de consenso. Ouviu de interlocutores do governador que ele endossava a demanda do Estado pela vaga, mas não se envolveria no processo. Ele e Alckmin concordam em um ponto: nenhum deles ganharia nada com a antecipação do embate entre as duas correntes. Aliados de ambos afirmam, ainda, que Aécio Neves deve ser reconduzido à presidência da sigla em abril.

O senador ficaria no cargo até 2017, quando seria aberto oficialmente o debate presidencial. “Para nós, seria ótimo ter um líder mineiro, mas não haverá trauma ou fissura”, afirma o deputado federal mineiro Rodrigo Castro. Sobre o perfil do novo líder, o atual ocupante da vaga, Antonio Imbassahy, da Bahia, diz que espera alguém bom de briga. “Tem que ter intensidade e a contundência”.

O escolhido deve ser ungido no fim do mês. Carlos Sampaio disse ao Estadão que conversou com os colegas mineiros e garante: “Não há clima de disputa”. Apontado como candidato pelos colegas de bancada, Silvio Torres afirma que não apresentou o pleito ao partido, mas defendeu a escolha de um paulista. “São Paulo teve um papel importante na eleição presidencial. Isso dá ao Estado o direito de pleitear a liderança.”