Em 2007, o PSDB irá em busca de um aprofundamento de sua postura de oposição ao governo do Estado. Desde o final da campanha do segundo turno, algumas vozes no partido se levantaram em defesa da adoção de uma linha única de oposição, reunificando o partido, que saiu dividido da campanha eleitoral deste ano. Uma das estratégias perseguidas pelos tucanos para se firmar como a principal força adversária ao Palácio Iguaçu é filiar o senador Osmar Dias (PDT), que na eleição deste ano foi o contraponto eleitoral ao governador Roberto Requião (PMDB).
Com a credencial de deputado mais votado para a Câmara dos Deputados (ele fez 210 mil e 674 votos), o deputado federal Gustavo Fruet está propondo uma reunião com todos os segmentos do partido para este início de 2007 para que os tucanos aprovem uma orientação única em relação ao governo do Estado. ?Nós precisamos definir uma linha de atuação e um projeto do PSDB para o Paraná. Isso significa que precisamos ter identidade. O que estou defendendo é uma conversa franca no partido. Não é expurgo. Temos que definir se o partido é governo ou oposição ao governo?, explicou o deputado.
Gustavo destacou que um partido não consegue construir um projeto em um ano e em 2008 tem eleições municipais. E por isso, argumenta, há pressa na convocação de um conversa franca. ?Nosso partido tem um projeto de poder nacional e tem uma liderança forte no Estado, o Beto (prefeito de Curitiba, Beto Richa). Agora, nós temos que sentar e discutir como ficará a bancada estadual, a bancada federal, a relação do Beto com o governador do Estado. Não podemos deixar para depois?, afirmou.
A preocupação de Gustavo leva em consideração a composição da bancada estadual e a força interna do vice-presidente estadual do partido e presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão. Mesmo tendo que se desfiliar do PSDB a partir do momento em que assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas, prevista para o início do próximo ano, o poder de influência de Brandão pró-Palácio Iguaçu irá se manter no partido, já que o deputado mostrou durante a campanha eleitoral que lidera uma boa parte dos prefeitos do PSDB. Além disso, dos sete deputados estaduais do partido, apenas dois, Valdir Rossoni e Ademar Traiano, estão alinhados à oposição. Os demais são da base de apoio do governo e não dão sinais de que pretendem alterar a posição.
Em agosto, o partido tem convenção para eleger novas direções nacional, estaduais e municipais. Até lá, Gustavo acha que o rumo do PSDB deve estar bem definido, já que em setembro termina o prazo de filiações para as eleições municipais de 2008. ?O partido tem que ter tranqüilidade para disputar 2008. A reeleição do Beto em Curitiba precisa dessa tranqüilidade. E nós temos que estudar os vários cenários?, comentou o deputado tucano.
Aposta
Um dos mais empenhados em levar o senador Osmar Dias para o PSDB é o presidente estadual do partido, Valdir Rossoni. Com a decisão do PDT nacional de participar da coalizão em torno do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Osmar se tornou um dissidente na bancada. Ele é o líder do partido no Senado, mas não concorda com o apoio a Lula.
Os tucanos acham que esse desconforto de Osmar pode levá-lo ao PSDB, embora saibam que, se o senador decidir sair, ele teria também outras opções partidárias em vista. Osmar não admite a hipótese de deixar o PDT. Ao contrário, diz que se nacionalmente o partido terá um prejuízo de imagem, já que passou quatro anos fazendo oposição a Lula, no plano estadual, o senador pretende imprimir uma feição cada vez mais oposicionista à sigla.