O aparelhamento do Ministério do Trabalho e o repasse de dinheiro público para centrais sindicais ligadas ao PDT vai passar, a depender da oposição, por um pente-fino nos órgãos de investigação.
Hoje, o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), entrou com duas representações, uma na Procuradoria Geral da República e outra no Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF), contra o ministro Carlos Lupi. Em outra frente, ele apresentou no Tribunal de Contas da União (TCU) um pedido de auditoria especial para investigar denúncias envolvendo a pasta.
No domingo, o jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem apontando irregularidades no repasse de verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) a centrais sindicais. Nas duas representações, Duarte Nogueira afirma que “entidades diretamente ligadas ao partido do Ministro do Trabalho e Emprego foram contratadas para prestar serviços de qualificação de mão de obra sem possuírem, sequer, meios para realização da capacitação contratada”. Para Duarte, “é inequívoca a prática de improbidade administrativa”.
No comando do rateio de recursos milionários do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), Lupi abrigou parte da cúpula do seu partido, o PDT, na pasta e encontrou brecha para turbinar centrais sindicais, impedidas pelo TCU de receber dinheiro público por causa de irregularidades no passado. Só neste ano, entidades vinculadas a centrais já receberam R$ 11 milhões.
O ministro, mostrou a reportagem, mantém dez integrantes da Executiva do PDT em postos de comando do ministério e um outro personagem da cúpula partidária na Fundacentro, instituição ligada à pasta. O tesoureiro do partido, Marcelo Panella, foi chefe de gabinete de Lupi até o início do mês passado, auge da faxina ministerial, quando deixou o cargo a pretexto de cuidar de negócios pessoais.
Sucessor de Leonel Brizola na presidência do PDT, Lupi chegou ao bloco F da Esplanada dos Ministérios em 2007, após perder a disputa para governar o Rio e ter apoiado a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele tirou licença do comando do PDT para assumir o ministério, mas continuou mandando na legenda, numa confusão de fronteiras entre o cargo no governo e a militância partidária.