A pressão do PSDB sobre o senador Osmar Dias (PDT) aumentou. Anteontem à noite, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, telefonou a Osmar, que se recupera de uma cirurgia em Curitiba, e cobrou uma posição sobre a candidatura ao governo. Como não ouviu uma resposta conclusiva, comunicou ao pedetista que o PSDB pode lançar a candidatura do senador Alvaro Dias ao governo, conforme relatos feitos a O Estado.
A menção do nome de Alvaro como o possível candidato surpreendeu a cúpula estadual tucana, que havia acertado com Jereissati que, em caso de desistência de Osmar, o substituto para concorrer ao Palácio Iguaçu seria o deputado federal Gustavo Fruet. Entretanto, Jereissati quis saber se o pedetista apoiaria a candidatura do irmão ao governo do Estado.
O presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, disse que não conversou com Jereissati, depois do telefonema, mas se mostrou incrédulo. "Não posso acreditar que o Tasso possa mudar de posição, sem me consultar. Não se pode brincar com o nome das pessoas", reagiu Rossoni, relembrando que há quinze dias, em Brasília, em reunião com aliados do PFL e PDT, ficou combinado que Gustavo seria o sucessor de Osmar. "Eu estou trabalhando com o que acertamos em Brasília", afirmou. Rossoni acrescentou que, para mudar essa posição, Jereissati teria que consultar as lideranças do partido no Paraná.
Fábio Alexandre/O Estado |
Osmar Dias: à espera da definição de seu partido. |
Osmar, por sua vez, disse que continua pré-candidato ao governo, mas repetiu a Jereissati o que já vem dizendo há meses aos tucanos locais: não pode assumir um compromisso antes que a direção nacional do PDT decida o que vai fazer com a pré-candidatura do senador Cristoóvam Buarque à sucessão presidencial.
E mais uma vez o senador pedetista disse que o apoio do PSDB seria bem-vindo à sua candidatura. Mas que acordo mesmo, para valer, somente depois do dia 19, quando o PDT faz a convenção nacional. Se o PDT mantiver a candidatura de Cristóvam Buarque, não há formas de PSDB e PDT selarem uma aliança no Paraná, já que os dois partidos terão candidatos à presidência da República e a regra da verticalização obriga os partidos nos estados a reproduzirem as coligações nacionais.
A dificuldade do senador Osmar Dias se definir aumenta a cada dia. Ontem, surgiu mais um complicador para a candidatura do pedetista ao governo. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, reuniu-se com o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Agora, o PDT abriu mais uma frente. Além de conversar com os tucanos, negocia com o PT e ainda trabalha com a hipótese da candidatura do senador do Distrito Federal. Nesse quadro, o cenário do futuro eleitoral de Osmar fica cada vez mais nebuloso.
O presidente estadual em exercício do PDT, Augustinho Zucchi, disse que a palavra de ordem é esperar. Ele irá à reunião convocada pelos tucanos na próxima segunda-feira, dia 5, mas já avisou que irá ouvir apenas. E que não vai se pronunciar sobre eventuais substitutos de Osmar para representar a oposição ao governo na eleição.
Solidão
O PPS, que negociava com o PDT uma aliança nacional, renunciou à candidatura própria do deputado federal Roberto Freire (PE) e acena para uma aliança – formal ou não – com o PSDB. Ontem, o pré-candidato do partido ao governo, Rubens Bueno, disse que o apoio ao tucano Geraldo Alckmin não altera necessariamente o quadro no Paraná. Bueno afirmou que sua pré-candidatura está posta e que já entregou à direção estadual do PSDB seu programa de governo. "A nossa conversa caminha por aí, por uma discussão de propostas. Não há essa história de toma-lá-dá-cá", afirmou Bueno, referindo-se a uma eventual troca de apoio a Alckmin, nacionalmente, pela adesão dos tucanos ao seu palanque no estado.