Os governadores de Goiás, Marconi Perillo, e de Tocantins, José Wilson Siqueira Campos, negaram, em reunião de sete governadores do PSDB (o de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, não compareceu), realizada nesta terça em Curitiba, qualquer irregularidade em contratações de pessoal ou de empresas relacionadas ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. As negativas foram aceitas pelo presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), que reforçou a necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as atividades de Cachoeira.

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Diálogos gravados entre Cachoeira e o ex-vereador Wladimir Garcez levam a supor que o governo goiano nomeou pessoas ligadas ao contraventor a pedido deste. “Eu nunca recebi qualquer indicação do senhor Carlos Cachoeira para qualquer cargo do governo”, afirmou Perillo. Segundo ele, qualquer cargo é preenchido por critério de “competência técnica”. “E, mais do que isso, desde agosto do ano passado todas as mais de 800 gerências administrativas são preenchidas rigorosamente pelo critério de meritocracia”, reforçou.

Mesmo assim, ele disse que, após as denúncias, mandou apurar. “A apuração que nós fizemos chegou à conclusão de que não há nenhuma pessoa indicada”, garantiu. “Jamais fui procurado, jamais alguém teria a ousadia de me procurar como governador para tratar de qualquer assunto que dissesse respeito a qualquer tipo de ilegalidade. Jamais tiveram coragem de me procurar para isto.”

O governador de Goiás ressaltou que os assessores que tiveram os nomes citados saíram do governo. “Tenho certeza de que ao final restará provada a inocência de cada um deles, até porque não são investigados”, afiançou. Em relação a contratos com a Construtora Delta, disse que um foi anterior a sua posse, tratando de veículos para a segurança, e outros dois são para reconstrução de 2.081 quilômetros de rodovias, que teriam tido deságio de 23%, com economia de R$ 170 milhões.

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Também acusado de privilegiar empresas ligadas a Carlinhos Cachoeira, o governador de Tocantins negou. Mas admitiu um encontro rápido com o contraventor. “Uma vez, quando eu estava em companhia do doutor Ataíde de Oliveira (um amigo) e cruzamos com esse cidadão, ele me apresentou fortuitamente e nunca mais tive contato, não tenho relacionamento”, relatou Siqueira Campos. “O relacionamento dessa figura, que hoje tem projeção nacional, não é comigo nem com os meus partidários, são (sic) com os nossos adversários.”

O presidente do PSDB disse que, desde o início, o partido aprovou por unanimidade a instalação de uma CPI por vários motivos, entre eles a convicção do “mérito, integridade e competência” de Perillo. “Entre nós não há o que esclarecer, rigorosamente tudo para nós já está esclarecido”, avalizou. “O que desejamos é uma CPI limpa, aberta, uma CPI que não respeite interesses partidários e que vá buscar em qualquer lugar os esclarecimentos que precisam ser encontrados.” Para ele, o único atingido da oposição foi o senador Demóstenes Torres (ex-DEM).

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Guerra afirmou que espera apenas que o governo e o PT tenham “capacidade” para desenvolver a CPI. “Porque até hoje só fez impedir o funcionamento de comissões parlamentares de inquérito, criou tropa de choques, movimentos que impedem o diálogo, a divergência e o contraditório, que é indispensável para o funcionamento de uma CPI”, disse. Segundo ele, “o governo apoiou a CPI sem saber o que estava fazendo”. “Viram esse negócio de Goiás, pensaram que era por aí e não era, o negócio foi para Brasília e vai para outros lugares”, afirmou.