Nenhuma liderança estadual do PSDB participou, ontem, da segunda reunião de discussão do Projeto Paraná, que irá gerar o plano de governo do senador Osmar Dias (PDT), pré-candidato anunciado ao governo do Estado em 2010.
Em Maringá, o pedetista reuniu praticamente todos os prefeitos de seu partido, além dos presidentes estaduais do PP, Ricardo Barros; DEM, Abelardo Lupion, e PSC, Ratinho Junior. PHS e PMN também enviaram as principais lideranças. O PT foi representado pelo prefeito de Paraíso do Norte, Beto Vizzoto.
Osmar Dias diminuiu a importância da ausência dos tucanos. “Isso não quer dizer nada, recebi o presidente do partido, Valdir Rossoni, em Foz do Iguaçu. Hoje (ontem) não sei que compromissos tiveram que não puderam participar. Mas tinha representantes locais do PSDB no encontro. O evento não é para falar com presidentes de partidos ou deputados, é para falar com o povo”, disse.
Repetindo que a aliança será em torno do projeto e que não é hora de discuti-la, Osmar voltou a descartar a possibilidade de enfrentar o irmão Alvaro Dias (PSDB) e disse acreditar na possibilidade de disputar a eleição ao lado do PSDB, ao responder pergunta sobre a possibilidade de ter a primeira-dama de Curitiba, Fernanda Richa, como sua vice.
“Seria uma grande vice. Faz um trabalho social interessante. Se o PSDB se integrar ao nosso projeto e quiser indicá-la, será bem aceita. Mas eu estou traumatizado com esse negócio de vice”, disse, lembrando-se dos problemas que enfrentou com seu vice em 2006, Derli Donin (PP), ex-prefeito de Toledo, que foi atacado pelos adversários de Osmar por conta dos processos que respondia na Justiça.
Já Ricardo Barros acredita que a ausência do PSDB do debate mostra que o partido está cada vez mais focado na ideia da candidatura própria. “Eles estiveram em Foz e não estão aqui, não sei se tiveram motivo para isso, mas a situação não deixa de corroborar com o discurso de candidatura própria que o PSDB faz”, disse o vice-líder do governo Lula na Câmara, que não esconde a preferência pela aliança de Osmar com o PT.
“Penso que o caminho, em vista da insistência do PSDB em candidatura própria é o PT, que tem demonstrado interesse em estar ao lado do Osmar, até com declarações do presidente Lula neste sentido”, lembrou.
Assim como em Foz, o presidente do DEM foi o mais direto ao comentar as possibilidades de aliança. Mas desta vez, ao invés de cobrar definição do PSDB, Lupion disse não vai esperar outra definição para fechar com Osmar.
“Não podemos ficar sendo pautados pelos outros. Temos que ficar fortes e impor o que queremos. O cenário nacional ainda não está definido e não podemos esperar para que isso nos influencie, pois porque tem que cuidar do Paraná são os paranaenses”, disse, afirmando que apoiará Osmar mesmo que as composições o levem para o lado do PT no cenário nacional. “E falo isso como presidente do partido, mesmo comprando briga com alguns dos nossos deputados, que são amigos do outro candidato (Beto Richa – PSDB).”
Ratinho Junior seguiu a mesma linha e disse que não esperará a definição de PT ou PSDB. “Não somos sublegendas de ninguém. Não precisamos da definição deles. Temos noção do que queremos para o Paraná e quais grupos políticos despontam hoje”, afirmou.
Também participaram do encontro os deputados estaduais Neivo Beraldin (PDT), Cida Borghetti (PP) e Fernando Scanavaca (PDT), os prefeitos de Maringá, Silvio Barros (PP), e Londrina, Barbosa Neto (PDT), entre outros.
Colhendo sugestões para um plano de governo
Cerca de 500 pessoas divididas em 10 salas discutiram na manhã de ontem, no Centro de Convenções Araucária, em Maringá, propos,tas que podem integrar o programa de governo de Osmar Dias.
As propostas, em áreas como educação, saúde, economia e infra-estruturas, serão avaliadas pelo corpo técnico do PDT para integrarem o programa do pré-candidato pedetista.
“Estamos ouvindo a população, separando em grupos de trabalho, e todas essas ideias serão selecionadas por nossa equipe. Até o fim do ano, vamos ouvir todas as regiões do estado, para, no ano que vem, voltar a essas regiões com as ideias transformadas em propostas”, disse Osmar. “Vamos ser sinceros. Aquelas que são viáveis serão consideradas e voltaremos às cidades mostrando como as ideias da população foram integradas ao nosso programa”, disse.
A intenção é trazer propostas de baixo para cima, “saber quais as reais necessidades de cada região do estado. A população está querendo falar, e nós vamos ouvir”, disse. De Maringá, o PDT leva, entre outras, a proposta da criação de uma macrorregião econômica unindo Maringá e Londrina.
“Queremos um projeto de desenvolvimento regional no eixo Londrina-Maringá, que coloca a gente numa possibilidade grande de crescimento econômico. Juntos, podemos receber mais recursos do governo do Estado, que hoje concentra os investimentos na Região Metropolitana de Curitiba. Está na hora de investir no interior e nossa região tem um potencial imenso”, disse o prefeito de Londrina, Barbosa Neto.