O secretário-geral do PSDB, deputado federal Rodrigo de Castro (MG), admitiu hoje que a perda de espaço no Congresso “é um ‘dificultador’ a mais para a oposição”, especialmente em relação ao Senado, mas ressalta que o objetivo é fazer uma “oposição de qualidade”. “Vai ser sempre uma oposição firme, uma oposição serena, é claro, sempre visando o bem do Brasil, dialogando quando tem de dialogar, mas também mostrando os pontos fracos e mostrando os caminhos. Com certeza será uma oposição de qualidade”, afirmou ele, ao comentar o resultado da eleição presidencial no fim da noite de ontem.
Fortalecido pela vitória na eleição majoritária estadual, capitaneada pelo ex-governador e senador eleito Aécio Neves, o PSDB mineiro aposta que a prática irá evidenciar o fim da hegemonia paulista no partido. Aécio já articula apoios buscando estabelecer uma agenda própria do Congresso, para tirar do Parlamento do que considera um papel de submissão da Casa em relação ao Executivo. A intenção é fazer com que o Legislativo tome a iniciativa de discutir reformas estruturantes para o País.
Um dos mais importantes aliados de Aécio, o secretário-geral considera agora fundamental a união do partido. “Não se faz um projeto presidencial pensando numa hegemonia de quem quer que seja, ou de um Estado em relação ao outro”, disse ele, ao afirmar que não há “cisão” entre Minas e São Paulo.
“O PSDB tem de ter, por exemplo, uma presença maior no Nordeste, o PSDB tem que ter uma articulação melhor com outros partidos da oposição. Então, são vários desafios que temos que atravessar, sempre almejando a unidade do partido e não a cisão.”
‘Arrogância’
Os tucanos mineiros já esperavam reações como a de Xico Graziano, coordenador do programa de governo de José Serra, na rede de microblogs Twitter. O presidente do PSDB-MG, deputado federal Narcio Rodrigues, rebateu a afirmação de Graziano que havia sido irônico: “Perdemos feio em Minas Gerais. Por que será?!”, postou no Twitter o coordenador, após a confirmação da vitória de Dilma.
“Por vários motivos. Entre eles, talvez, o fato de muitos mineiros não terem esquecido a arrogância de posturas como a dele (Graziano) que, felizmente, são manifestações isoladas no conjunto das forças do nosso partido”, respondeu Narcio, em comunicado.
Em Minas, a petista obteve 58,45% dos votos válidos, contra 41,45% do candidato tucano. Uma diferença de quase 1,8 milhão de votos, um pouco acima da registrada no primeiro turno. “Se 100% dos eleitores mineiros tivessem votado em Serra ainda assim teríamos perdido as eleições por milhões de votos”, completou o presidente do PSDB-MG.
Cobranças
Mesmo antes do resultado das urnas, os líderes já vinham se adiantando a eventuais cobranças pela derrota de Serra no Estado. Para o governador reeleito, Antonio Anastasia (PSDB), a derrota do presidenciável tucano no Estado deve ser atribuída à tendência do eleitorado nacional e mineiro pela continuidade.
“Não acho que houve lavada. Na realidade, manteve-se o mesmo porcentual do primeiro turno, o empenho foi visto”, afirmou. “Como se antevia, nós tivemos uma decisão dos brasileiros e dos mineiros também pela continuidade. Isso já era discutido há mais tempo”, disse. Segundo Castro, o próprio Serra reconheceu publicamente o empenho de Aécio e Anastasia em seu favor.