Foto: Evandro Monteiro/O Estado |
Rossoni: anúncio de anulação da aliança foi feito em plena convenção do PDT. continua após a publicidade |
A direção nacional do PSDB anulou a aliança entre o partido e o PMDB para a sucessão estadual. Por meio de resolução, o comando tucano invalidou a convenção do PSDB paranaense realizada na quinta-feira à noite, que aprovou a indicação do presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, para candidato a vice-governador na chapa à reeleição do governador Roberto Requião (PMDB), por cinco votos de vantagem.
A justificativa foi que a coligação contraria as diretrizes da campanha tucana à presidência da República, que é fortalecer a candidatura de Geraldo Alckmin à sucessão do presidente Lula (PT). A revogação da convenção deixa os tucanos do Paraná liberados na eleição para o governo. Com isso, o partido poderá apoiar informalmente tanto a Requião como à candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo.
O candidato ao Senado continua sendo o senador Alvaro Dias, homologado na convenção. Mas Brandão não poderá ocupar a vaga de candidato a vice-governador na chapa do PMDB, que também perde o tempo tucano no horário eleitoral gratuito. Os 4 minutos e 56 segundos do PSDB destinados à disputa majoritária serão distribuídos entre os demais partidos que concorrem ao governo com candidaturas próprias.
A direção estadual informou que a posição do presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, foi uma resposta a um pedido de intervenção apresentado pelo advogado e integrante do diretório estadual tucano João Graça Junior. Na petição, o advogado apontou falhas na homologação da decisão da convenção e, principalmente, anexou cópias de matérias de jornais citando que Requião não tinha a disposição de apoiar Alckmin e que o PMDB planejava lançar um candidato ao Senado para concorrer com o senador Alvaro Dias.
A decisão da direção nacional foi anunciada pelo presidente estadual do PSDB, deputado estadual Valdir Rossoni, no início da convenção estadual do PDT, que homologou a candidatura de Osmar. Rossoni e o deputado Ademar Traiano participaram da convenção, onde manifestaram apoio ao candidato pedetista.
Reação
O grupo do deputado Hermas Brandão estudava ontem um caminho jurídico para restabelecer o resultado da convenção. Eles tinham prazo de 48 horas para recorrer da decisão do diretório nacional. O deputado estadual Nelson Garcia, que participou da reunião com Jereissati em Brasília no início da semana, disse que o presidente nacional concordou que a decisão sobre os rumos do partido no estado cabia aos convencionais do Paraná. Para Garcia, a direção nacional cedeu às pressões da bancada federal, que temia ser prejudicada pela coligação com o PMDB. "Eles não aceitaram o resultado da convenção", afirmou o deputado estadual tucano. Nos bastidores, foi divulgada a versão que a medida da direção nacional foi provocada pela interferência de alguns caciques tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, amigo de Euclides Scalco, que também não aceitava a aliança com o PMDB e acompanhou cada passo da convenção.
Garcia afirmou que o principal argumento da ação que vão impetrar para garantir a aliança com o PMDB é que a convenção foi democrática e legitimada pelo voto dos 413 delegados. O grupo de Brandão estava reunido ontem no início da noite em seu escritório, em Curitiba, discutindo a situação também com alguns peemedebistas, entre eles, o presidente do PMDB estadual, Dobrandino da Silva.