Nani Gois/Assembleia
Traiano: uma hora no inferno, outra hora no céu.

O PSDB está pronto para receber os doze deputados do PMDB na base de apoio ao governo Beto Richa, que pode chegar a 48 dos 54 deputados estaduais. Se o acordo vingar, e ao que consta poderá ser formalizado nas próximas horas, o governador Beto Richa terá apenas a bancada do PT com seus seis deputados na oposição em plenário. E terá começado uma relação que poderá dar frutos em 2014, quando provavelmente tentará a reeleição.

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Nas últimas vinte e quatro horas, Beto tratou de remover qualquer obstáculo à entrada do PMDB na base. Com uma conversa na terça-feira, 9, à noite, com o líder do governo, Ademar Traiano, derrubou as últimas resistências ao acordo. “A vida é cíclica, uma hora a gente está no inferno, outra hora está no céu. Em política, tem que se engolir sapos porque o projeto do governador fala mais alto. Toda e qualquer aresta está superada”, afirmou Traiano, um dos tucanos que dividem base eleitoral com os peemedebistas do Sudoeste e que dificultava a adesão integral da maior bancada em plenário ao governo.

O vice-presidente estadual do partido, Valdir Rossoni, que também terá que compartilhar espaços com peemedebistas no Sul do Estado, deu as boas vindas aos potenciais aliados. “Tem espaço para todos. Se o PMDB achar que deve vir, nós concordamos, apoiamos e convidamos”, disse Rossoni, que terá de conviver com os deputados Nereu Moura e Antonio Anibelli Neto a sua base eleitoral. “Política é um jogo de conflitos de interesses. Às vezes, não tem como conciliar. O governador tem toda a liberdade para construir a sua base de apoio”, afirmou o tucano, definindo a negociação como “uma grande tacada” de Beto para o futuro.

Mais longe

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Rossoni: “Para o PMDB, é o futuro que está em jogo”.
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Embora se esquive em afirmar que o acordo com os deputados do PMDB pode avançar para a disputa eleitoral do próximo ano, Rossoni comentou que há vantagens para ambos no processo. “Com 48 deputados na base, o governador pode bater um recorde. E para o PMDB, é o futuro que está em jogo”, comentou.

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Um dos artífices do fim da aliança feita entre o PMDB e parte do PSDB na disputa eleitoral de 2006, quando o então tucano Hermas Brandão estava indicado para ser candidato a vice-governador na chapa de Roberto Requião, Rossoni disse que os tempos e as condições mudaram. “Naquele caso, uma parcela do partido foi alijada do processo. O grande erro foi que a aliança deveria ter sido construída antecipadamente e não apenas perto da eleição. Por isso, o governador Beto Richa está certo. A costura para o futuro tem que começar agora”, comentou.