O presidente estadual do PSB de São Paulo, deputado Márcio França, admitiu hoje a hipótese de o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) abrir mão de uma candidatura ao Palácio do Planalto em 2010 caso o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), consiga se viabilizar como presidenciável do PSDB. França assegura que Ciro alimenta o “arroubo” de ser candidato à Presidência da República, mas reconhece que a ausência do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na disputa “diminuiria os ânimos de Ciro em concorrer”. “Ele perderia um pouco do ímpeto. Ficaria à vontade para não concorrer. Não haveria mais o risco de o País voltar ao atraso”, provocou o presidente estadual do PSB.
Serra e Aécio travam contenda interna no PSDB pelo posto de candidato da sigla à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na terça-feira, em evento no Palácio das Mangabeiras, em Belo Horizonte, Ciro reafirmou ao lado de Aécio que desistiria da corrida eleitoral em nome da candidatura do mineiro. A declaração do pessebista fortaleceu as desavenças entre ele e o governador de São Paulo. O pessebista é inimigo declarado de Serra desde que deixou o PSDB, em 1996.
França nega que a eventual candidatura de Ciro ao Palácio do Planalto seja “anti-Serra”, mas reconhece que a força do candidato do PSB está na munição de que ele dispõe contra o tucano. “Se forem para a disputa Aécio e Dilma (Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil), serão dois candidatos aliados”, afirmou. “Mas, no caso de Serra, Ciro acredita ser o nome da base aliada mais forte para se opor ao governador paulista”, acrescentou. França deixou claro ainda que Aécio e Ciro “são amigos de muitos anos”, mas que a aproximação às vésperas das eleições tem um outro motivo: “Eles se reuniram também porque têm um adversário em comum, o Serra.”
O presidente estadual do PSB ressalta que, em uma eleição que pretende se calcar nas diferenças entre as quatro últimas gestões federais – as duas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e as do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, Ciro representa o oposto “da maneira tucana de governar”. “Ele é antagônico ao domínio de uma lógica mais fria e matemática, uma ótica que tem o perfil do Serra”, destacou. “No fundo, no fundo, o antagonista de Ciro é o FHC, a continuidade de um governo do FHC”, acrescentou.
Definição
Apontado ainda como nome mais forte da oposição para enfrentar o PSDB nas eleições para o governo de São Paulo, Ciro deve definir o seu destino nas urnas até fevereiro de 2010. De acordo com França, a data foi estipulada em virtude da previsão de que tanto o PSDB como o PT devem desembaraçar os seus nós eleitorais até fevereiro, deixando o caminho mais claro para a escolha do deputado federal. “É quando o tabuleiro deve estar mais acertado”, explicou França.
Aécio já admitiu que o PSDB pode contar com ele para a sucessão no Palácio do Planalto até dezembro. Depois dessa data, o governador de Minas Gerais deve se candidatar ao Senado Federal. No front petista, janeiro é o prazo dado a Ciro por Lula para que a sua candidata, Dilma, cresça nas pesquisas eleitorais o suficiente para viabilizar o seu nome a uma disputa contra os eventuais candidatos tucanos.
“Vamos sentar em janeiro com o presidente Lula para discutir o melhor caminho para o Ciro”, afirmou França. “Será o momento para uma definição”, emendou.