PSB admite subir em dois palanques eleitorais no Estado

A possibilidade de assumir a prefeitura de Curitiba a partir de abril do ano que vem faz o PSB manter o apoio à candidatura de Beto Richa (PSDB) ao governo do Estado, mesmo com o crescimento do deputado federal Ciro Gomes (PSB) nas pesquisas para a sucessão presidencial.

A candidatura própria do partido ao Planalto não será suficiente para afastar o PSB do palanque tucano, onde estará, também, o principal adversário de Ciro, José Serra (PSDB).

Até mesmo a direção nacional do PSB admite o palanque duplo no Paraná, como forma de garantir a posse do vice-prefeito da capital, Luciano Ducci, no caso de renúncia de Beto Richa ao cargo de prefeito.

Alcançando, e, em determinadas situações, até, ultrapassando a pré-candidata Dilma Rousseff (PT), Ciro Gomes (que também tem menor índice de rejeição) pode, até, tornar-se o candidato mais viável do governo Lula à sucessão, polarizando a disputa com o presidenciável tucano, o que colocaria Ducci numa situação paradoxal: como prefeito do maior colégio eleitoral do estado, apoiar o candidato do PSDB ao governo do Paraná e ter que montar palanque para o candidato do seu partido, principal adversário do PSDB, à presidência da República.

O secretário-geral do PSB nacional, senador pelo Espírito Santo Renato Casagrande, disse que o partido ainda aguardará a construção das candidaturas e alianças, mas que a direção nacional conhece a situação do Paraná e respeitará o compromisso de Ducci com Beto.

“Não tivemos essa discussão sobre o Paraná ainda, mas se o prefeito for candidato a governador, o PSB tem o compromisso de apoiá-lo”, disse, informando que Ducci terá de descobrir uma forma de apoiar Beto e Ciro ao mesmo tempo. “O Paraná merece atenção especial e iremos considerar essa situação em particular”, disse, revelando que a exceção se deve ao fato de o partido herdar a prefeitura de uma importante capital. “Quando fizemos a aliança com o PSDB daí, já sabíamos dessa hipótese”, lembrou.

O mesmo discurso foi reforçado pelo deputado estadual Reni Pereira (PSB). “É obvio que devemos apoiar o Beto, pois teremos o segundo maior cargo do Estado, a prefeitura da capital. O partido terá de achar uma equação. A possibilidade será ter dois palanques: um para o Beto e outro para o Ciro”, disse, alertando que o apoio a Beto Richa não precisaria ser tão efusivo como a direção estadual do PSB vem fazendo.

O lado tucano também não deu importância para o risco de dificultar o projeto nacional, prioridade do partido (eleger o presidente), deixando a prefeitura da capital com um partido adversário.

“Não temos essa preocupação, o Ducci está disposto a enfrentar essa questão com muita transparência”, disse o presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, que também disse não se assustar com o crescimento de Ciro. “A partir do momento que ele se tornar o candidato do governo Lula, vai carregar o fardo que a Dilma vem carregando sozinha, por enquanto”.

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