Próximos do acordo, PMDB e PSDB definem critérios

O vice-prefeito de Curitiba e candidato do PSDB ao governo do Estado, Beto Richa, admitiu ontem que estão avançados os entendimentos para a construção de uma aliança com o PMDB e que o acordo depende apenas de um consenso sobre o cabeça de chapa. Segundo o tucano, o impasse pode ser solucionado a partir da definição de alguns critérios para a escolha. Entre eles, Beto defende a necessidade de se considerar a estrutura partidária, o potencial de crescimento e a capacidade de aglutinação dos partidos envolvidos na coligação.

“Estamos abrindo as portas para conversar. Acredito que a minha candidatura é mais viável. Mas sei também que cabe a mim convencê-los disso. Estou disposto a conversar e ouvir os argumentos dos peemedebistas”, afirmou. O tucano almoçou ontem com o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão (PSDB), o porta-voz do partido nas negociações com o senador Roberto Requião, e vários deputados da base governista.

Beto apontou como vantagens do seu nome a menor rejeição junto ao eleitorado e a capacidade de agregar os aliados. O candidato tucano disse ainda que a cúpula nacional do PSDB está fechada com a sua candidatura. Ele nega que esteja havendo alguma intervenção do seu pai, o ex-governador José Richa, um dos coordenadores da campanha do senador José Serra à Presidência, e do secretário-geral da Presidência, Euclides Scalco, nas articulações para uma composição com o PMDB no Paraná.

Apesar de aparecer nas pesquisas de intenções de votos com percentuais inferiores aos do pré-candidato do PMDB, o senador Roberto Requião, o tucano disse que a viabilidade eleitoral não pode ser avaliada com base apenas em dados momentâneos de pesquisas. “O que importa não é ter votos agora. O importante é ter votos em 6 de outubro”, argumentou o tucano.

Fragilidade

A migração do PPB para a aliança com o PTB e o PDT do senador Alvaro Dias reforçou a posição do PMDB como possível aliado dos tucanos no Paraná. De um lado, os tucanos perderam o apoio do PPB e contam com o aval parcial do PFL – um partido ainda rachado pela disputa interna em que os defensores da candidatura própria resistem ao apoio a Beto Richa. De outro lado, está o PMDB, que teve suas possibilidades de acordos eleitorais no Paraná reduzidas pela verticalização das coligações, já que a cúpula nacional está formalmente incorporada na aliança em torno de Serra.

Beto Richa reconhece que a saída do PPB ampliou as perspectivas de um acordo com o PMDB. O candidato tucano não quis apontar um culpado pelo fracasso das negociações com o PPB, mas observou que as dificuldades impostas pelo PFL para a composição das chapas ao Senado e proporcional contribuiram para este desfecho. “Nós não pudemos atender algumas exigências em relação aos deputados federais do PPB”, resumiu. Beto disse que, no caso do PMDB, o PFL não será empecilho para uma aliança. O pré-candidato tucano disse que as divergências históricas entre os dois grupos, marcada principalmente pelo antagonismo entre Requião e o governador Jaime Lerner, são superáveis e não devem atrapalhar as negociações. “Beto lembrou que, com a saída do PPB do acordo, a composição da chapa majoritária ficou mais fácil com a oferta de duas vagas ao Senado e da indicação do candidato a vice-governador.

Requião recebe telefonema de Serra

O candidato do PSDB a presidente da República, senador José Serra, telefonou ontem para o senador Roberto Requião, que estava em Uruguaiana (RS) presidindo uma comissão de parlamentares brasileiros, argentinos e uruguaios do Mercosul sobre o comércio bilateral da fronteira. Segundo O Estado apurou, Serra e Requião conversaram sobre a sucessão no Paraná. O mesmo assunto foi tratado no telefonema que o presidente nacional do PSDB, José Anibal, também fez ontem a Requião.

Peemedebistas e tucanos não têm deixado vazar detalhes sobre as negociações que vêm mantendo no Paraná. O vice-presidente estadual do partido, deputado estadual Caíto Quintana, que esteve anteontem com o candidato tucano ao governo,Beto Richa, disse que as negociações sobre alianças com o PSDB estão na fase em que todas as hipóteses estão sendo colocadas na mesa. “Estamos abertos para falar com o PSDB sobre todas as hipóteses”, desconversou o dirigente peemedebista, que na segunda-feira reuniu-se com o candidato tucano ao governo.

Alguns garantem que a candidatura ao governo para Requião e uma vaga ao Senado para o ex-governador Paulo Pimentel são consideradas “cláusulas pétreas” nas negociações. As declarações são sempre feitas quando crescem as especulações de que Requião estaria, na verdade, negociando sua indicação para uma das vagas ao Senado. No PMDB, entretanto, em nenhum momento se admite esta possibilidade. Requião tem reafirmado sua intenção de concorrer ao governo. (E.C)

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