O delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz que foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos crimes de quebra de sigilo funcional e fraude processual durante a operação Satiagraha, da PF – operação investigou supostas irregularidades do banqueiro Daniel Dantas – veio ontem a Curitiba a convite do Conselho Comunitário de Segurança do bairro Água Verde para receber um diploma intitulado “Delegado do Povo”. Pela manhã, o delegado tomou um café na tradicional Boca Maldita e à noite participaria de um jantar oferecido pelo Conselho.
Ainda na Boca Maldita, Queiroz recebeu mais uma citação das muitas ações a que vem sendo submetido nos últimos meses. A ação, que é de natureza indenizatória (de R$ 100 mil) – cujo autor é o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes – foi classificada pelo delegado como mais um capítulo da “perseguição implacável que sofro todos os dias” e um “troféu” para ele.
Sobre os vários processos – pelo menos oito que já está respondendo -, Queiroz disse que está tranquilo e reiterou que é inocente. “Se houver essa inversão de valores, onde o agente está sendo investigado por atos que não cometeu, tudo devido à manipulação de informações, nada vai acontecer, pois eu tenho o povo comigo. Sou inocente, tenho documentos que comprovam isso. Hoje nenhum brasileiro é bobo, não há mais analfabetos políticos. Eu estou fazendo o resgate da ética e da moral e vou resistir no cargo”, afirmou.
Queiroz também reiterou que os processos aos quais responde não vão tirar sua vontade de mostrar a verdade à população brasileira. “Eu já recuperei bilhões de dólares para a sociedade no caso Satiagraha. Em Foz do Iguaçu, na época da investigação do Banestado, eu também recuperei muito dinheiro que é da sociedade. Isso eu trago no meu currículo. Eu prefiro honrar os meus compromissos com quem nos paga que é o povo do que com quem quer tirar esse dinheiro da sociedade”, disse.
Indagado sobre uma possível candidatura política, Queiroz disse que isso não passa pela sua cabeça. “Se eu sair da PF eu vou ser candidato a carcereiro do Daniel Dantas e da penitenciária onde os grandes banqueiros ficam presos”, ironizou.
Queiroz afirmou que não se arrepende de nada e que faria tudo de novo, e ainda mais. “Se eu soubesse que sofreria processos para ser afastado eu teria acelerado as investigações da Satiagraha”, afirmou.
Na semana passada, a Justiça Federal de São Paulo acatou a denúncia do MPF. Na denúncia, também foi incluído o escrivão da PF, Amadeu Bellomusto. Segundo a decisão da Justiça, Queiroz deu informações sigilosas da operação Satiagraha a jornalistas, mas o caso corria em segredo de justiça.
Estes vazamentos, segundo a Justiça, foram autorizados por agentes públicos, inclusive ligados à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Outras informações, ainda investigadas, dão conta de que um empresário, ex-funcionário de Dantas, teria ajudado a direcionar a Satiagraha e também teria se comunicado com Queiroz.