Manifestação

Protesto contra o governo reúne 40 mil pessoas em Curitiba

Aproximadamente 40 mil pessoas participaram na tarde desse domingo (12) da manifestação contra a presidente Dilma Rousseff na capital paranaense, segundo estimativa da Polícia Militar.

Indignação foi o principal motivo citado pelos entrevistados do Paraná Online para participar do ato, que reuniu pessoas de todas as idades, embora o público tenha sido 50% menor do que no dia 15 de março.

Os manifestantes se reuniram a partir das 13h na Praça Santos Andrade e, pouco depois das 15h, partiram pela Rua Marechal Deodoro em direção à Boca Maldita. O protesto foi liderado pelos grupos Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua, com reivindicações como o fim da corrupção, a diminuição de ministérios e o impeachment de Dilma.

Gritos de “fora PT”, “a nossa bandeira jamais será vermelha” e até aplausos ao juiz Sergio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, que investiga desvios de dinheiro na Petrobrás, eram intercalados pelo hino nacional, cantado pelos participantes a todo pulmão.

Teve muito participante que se dedicou à manifestação. Alguns prepararam cartazes, com frases bem elaboradas, ou um simples desabafo, como o administrador Solan Valente, 42 anos, que escreveu apenas: “Vim porque estou puto”.

Quando questionado o porquê da raiva, Solan cita várias razões, entre elas a onda de corrupção, o custo alto de impostos sem ver um retorno e os problemas com o Pronatec. “Gostaria de acreditar que essas manifestações vão mudar algo, mas sinceramente não acredito. Só que é meu dever como cidadão estar aqui”, disse.

As amigas Ilza Leprevot Bley, 66, Dirce Peres, 73, e Iara Romanoski, 68, foram de camiseta estilizada, com os dizeres: “Brasil para os meus netos”. Elas participaram do ato de 15 de março e garantiram: “se precisar a gente vem outra vez”.

O aposentado Anacleto Chamano, 69, fez uma fantasia com a bolsa do “Petrolão” e a “Lava-gato”. Apesar da brincadeira, ele afirma que a intenção é séria: “Precisam tratar com mais seriedade do nosso dinheiro”.

O comerciante Bernardo Marques do Carmo, que se intitula “O Patriota”, queria deixar todos com a cara da manifestação. Com dois vidros de tinta guache, verde e amarela, ele saía pintando o rosto do pessoal. “Acho que já pintei uns 300”, comentou, cerca de uma hora após o início do protesto.

“Uso as cores do Brasil e o vermelho não me representa”, comentou. Já o casal Tereza Zattar, 72, e Gilberto Feitosa, 67, levaram até a cachorra Nina – que vestia amarelo. “Acompanhei todos os presidentes, desde o Getúlio, e nunca vi tanta corrupção como hoje”, disse Tereza.

Oportunidade

Com o calor que fez na tarde de domingo, os vendedores ambulantes aproveitaram para vender água, refrigerante, suco e cerveja aos manifestantes. Muitos comerciantes também ofereciam bandeiras, apitos, camisetas e cornetas. Foi o caso de Dirceu Padilha.

A barraquinha de milho verde que vende diariamente no Calçadão da XV de Novembro foi tomada pelos produtos para o protesto, depois de ver na internet que ia acontecer o evento. “Espero vender tudo”, afirmou.  

Tumulto

Uma pessoa que discursava em um carro de som, por volta das 15h30, ao ver o vereador Professor Galdino (PSDB), pediu que ele se retirasse. Os manifestantes começaram a gritar “Fora!” e, segundo o vereador, ele foi rodeado por um grupo de seis pessoas e agredido com um chute na canela. Galdino foi escoltado por policiais militares e levado para casa em uma viatura. Segundo a PM, essa foi a única ocorrência de registrada no protesto.