Há cerca de uma hora, o promotor de Justiça Francisco Cembranelli está expondo aos sete jurados os argumentos da acusação no primeiro julgamento do caso Celso Daniel, que ocorre no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Segundo o promotor, o então prefeito de Santo André, do PT, executado em janeiro de 2002, foi vítima de “um plano macabro, promovido por uma verdadeira corja de malfeitores que lesava o patrimônio público e desviava recursos para campanhas eleitorais e contas pessoais”. Para o promotor, a administração do PT em Santo André era “uma verdadeira máfia, e o chefe da organização era o empresário Sérgio Sombra, “amigo de Celso Daniel”.

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Cembranelli acentuou que não tem nenhum interesse político no caso. “Se tivesse já em agosto, quando estava em curso a campanha presidencial, eu teria realizado o júri. Não estou interessado em favorecer qualquer partido, nem prejudicar. Desejo que o PT faça um bom governo. Mas não vamos negar as evidências. Petistas desviavam dinheiro público para o caixa do partido.”

O promotor afirma que Celso Daniel tinha conhecimento do esquema de corrupção e “o PT nele depositava todas as fichas na campanha de 2002 porque o candidato (o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva) já havia sido derrotado três vezes”. “Dizem que o PT não queria mais uma campanha amadora, com recursos doados por simpatizantes e venda de camisetas e bonés. Então, resolveu mudar.”

Segundo o promotor, Celso Daniel se insurgiu contra o esquema quando percebeu que o grupo que o cercava não tinha “qualquer ideologia partidária, quando percebeu que os recursos desviados iam para os bolsos daquelas pessoas capitaneadas por Sérgio Sombra, o mandante da morte do prefeito”. “Por isso, porque resolveu se tornar um obstáculo às pretensões da máfia, Celso Daniel foi varrido, vítima de uma trama macabra.” Para o promotor, o prefeito se tornou “um estorvo para a quadrilha”.

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