Projeto inviabiliza economia paranaense

O Paraná corre o risco de ter sua economia inviabilizada por conta de um projeto em discussão no Congresso Nacional que transforma em área de preservação ambiental – com proibição de manejo e exploração econômica de espécimes vegetais nativas – 85% do território do Estado ao incluí-lo na área de abrangência da chamada floresta Mata Atlântica.

O alerta é do deputado federal Max Rosenmann (PMDB), que foi indicado pela liderança do PMDB da Câmara para integrar o grupo de trabalho que analisará o projeto de lei 3.285, de 1992.

Pela proposta, de autoria do ex-deputado paulista e militante ambientalista Fábio Feldmann – endossado por novo projeto do deputado Jaques Wagner, atual ministro do Trabalho do governo Lula – toda a área que vai do litoral ao extremo Oeste do Estado é considerada como fazendo parte da Mata Atlântica, passando a ser proibida qualquer atividade produtiva agrícola, de reflorestamento ou industrial que implique em alteração da vegetação primária. Caso prevaleça o texto original, dos pouco mais de 19 milhões de hectares do território paranaense, quase 17 milhões, ou 85% do total, seriam atingidos por essas restrições.

“Se for aprovado da forma como está, o Paraná, que com 2% do território nacional em área (sendo apenas metade utilizada para agropecuária) responde por um quarto da produção agrícola do País, ficará com sua economia inviabilizada, o que resultará no desemprego para milhares de famílias”, explica o deputado Max Rosenmann, que pretende apresentar emendas para alterar o projeto. “E o Paraná virará um grande zoológico para a alegria dos exagerados ecologistas que não querem negociar, como demonstraram em manifestação pública recente no Congresso, contrariando todas as noções de racionalidade”, avalia o parlamentar.

IBGE

Na opinião do deputado, o projeto deve ser modificado utilizando-se os critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para a definição da área considerada Mata Atlântica. “Segundo o IBGE já demonstrou desde 1989, esse tipo de floresta recobre atualmente apenas a área da Serra do Mar”, explica Rosenmann. “E o Paraná, mesmo após 500 anos de seu descobrimento, continua mantendo intacta 90% da Mata Atlântica na Serra do Mar, dando um exemplo ao País”, lembra.

Na avaliação do parlamentar, a preservação ambiental é um princípio fundamental, mas tem que levar em conta o elemento humano. “Temos que ver também aonde entram os interesses e necessidades do homem, em especial do homem do campo, que particularmente hoje em dia está salvando o País graças a seguidos recordes de produtividade”, pondera o deputado. “Do jeito que está, nem as prefeituras poderão mexer nas praças públicas, ou a população urbana, em seus quintais”, ironiza Rosenmann, para quem falta bom senso aos ambientalistas responsáveis pela proposta. “Até porque a ciência mostra hoje que áreas de plantio agrícola como o soja produzem mais oxigênio que florestas estabilizadas”, explica.

Portaria

Recentemente, o deputado Max Rosenmann liderou mobilização de entidades representativas de agricultores, pecuaristas e reflorestadores paranaenses contra a portaria 507, do Ministério do Meio Ambiente, que proibia o plantio de espécimes não nativas em áreas que somam mais de 700 mil hectares. A portaria, que criou novas unidades de conservação florestal no Estado, acabou reeditada com modificações que diminuíram em 70% a área atingida pelas restrições e liberaram a atividade agrícola e pecuária.

Na avaliação de Rosenmann, porém, a iniciativa não resolveu o problema, já que manteve o equívoco original da portaria, baseada no decreto 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, que classifica como mata atlântica toda a vegetação que vai até a região de Foz do Iguaçu – à semelhança do projeto de lei agora em discussão. “Querem paralizar o resto do Paraná. Por uma questão de princípios e sobrevivência, todo o Estado, Assembléia Legislativa, governo, entidades representativas de agricultores, pecuaristas e reflorestadoras têm que se levantar contra isso, sob pena de depois não haver mais como reverter os prejuízos à economia paranaense”, considera o deputado.

STF não julga intervenção no Paraná

Brasília

– O Supremo Tribunal Federal não vai julgar o pedido de intervenção federal no Paraná por descumprimento de ordem judicial pelo governador do estado. De acordo com Supremo, a competência para julgar esse tipo de ação é do Superior Tribunal de Justiça. Na ação, Flávio Pinho de Almeida alegou que o governo do estado não mobilizou forças policiais para retirar da fazenda Corumbataí, de sua propriedade, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que ocupam a área desde 1997. Flávio conseguiu reintegração de posse dos 14 mil hectares em 1999, mas não conseguiu entrar nas terras.

O relator do pedido de intervenção, ministro Marco Aurélio, havia votado pela intervenção federal. Mas o ministro Sepúlveda Pertence sustentou a competência do STJ para julgar o caso por apresentar apenas questões legais, infraconstitucionais.

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