Gigantes como a Airbus e a Boeing, além de empresas da Itália, Israel e Inglaterra, estão de olho no processo seletivo que a Marinha abrirá para o desenvolvimento e operação do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz). Trata-se de um projeto de orçamento provável de R$ 14 bilhões e implementação até 2025 que visa ao monitoramento e proteção de 4,5 milhões de quilômetros quadrados marítimos por meio de recursos de alta-tecnologia.

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Nesta sexta-feira, 17, de manhã, a Diretoria de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha (DGePEM) convocou empresas interessadas para uma apresentação sobre o que o governo espera do sistema. Representantes de empresas do Brasil e de todo o mundo lotaram o auditório da Escola de Guerra Naval, no Rio.

Como se trata de uma área sensível, apenas proponentes brasileiras poderão se habilitar para coordenador o sistema – estrangeiros serão aceitos em consórcios. Das nacionais, só serão consideradas as 26 credenciadas no Ministério da Defesa como Empresas Estratégicas de Defesa (EED).

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O projeto foi conceituado entre 2011 e 2013, ao custo de R$ 38 milhões, e está inserido no conjunto de medidas da administração federal para fortalecer a Defesa do País – o que inclui o desenvolvimento do Sistema de Monitoramento das Fronteiras (SisFron), e a compra de 36 caças Gripen da Suécia, que vêm renovar a obsoleta frota brasileira.

As propostas têm de ser encaminhadas até julho à Marinha, que, em junho de 2015, divulgará a vencedora. O cronograma prevê desenvolvimento em quatro módulos na próxima década, com instalação de equipamentos como satélites, sensores, radares, aviões não – tripulados e dirigíveis. As empresas terão de visitar os locais a serem monitorados para visualizar as dificuldades do trabalho.

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A chamada Amazônia Azul se estende do Amapá ao sul do Rio Grande do Sul – o nome remete à Amazônia porque a extensão é semelhante à da floresta. A principal missão do sistema é resguardar as águas jurisdicionais brasileiras com vistas a proteger as riquezas – como a reserva petrolífera da camada pré-sal – e fornecer informações para evitar e responder a desastres ambientais, chamados de socorro e ameaças externas.

“Se vigiar por terra é difícil, no mar é muito mais. Mas precisamos saber o que acontece no nosso mar”, afirmou o vice-almirante Antônio Carlos Frade Carneiro, à frente da DGePEM. “Não estamos fazendo uma licitação pelo menor preço, e sim pela melhor relação custo-benefício. O custo é irrisório se comparado às riquezas produzidas no mar. Não será aceita proposta que contenha equipamentos a serem importados. Queremos a transferência de tecnologia para o Brasil, para que o Brasil seja soberano na área da defesa.”

O francês Albert Cavaco, diretor de programas estratégicos da Airbus Defense and Space, uma das interessadas em participar, afirmou acreditar que a grande dificuldade do projeto é o alcance do monitoramento – até 648 quilômetros da costa. “Mas não é impossível. O Brasil está desenvolvendo um dos programas mais ambiciosos do mundo, não há nada dessa magnitude em lugar algum.” O sócio da Módulo Security Solutions, especializada em software para governança e riscos, Fernando Nery, apontou a integração de diferentes soluções tecnológicas como o maior desafio.