A propaganda da candidata do PT, Dilma Rousseff, no horário eleitoral gratuito da TV na tarde de hoje, explorou cenas do primeiro debate presidencial do segundo turno, realizado ontem pela TV Bandeirantes. Já o programa do candidato do PSDB, José Serra, sinalizou uma aproximação com os eleitores que no primeiro turno votaram na candidata do PV, Marina Silva, ao defender um Brasil sustentável, “com consciência de ecologia e a cabeça na tecnologia”.
Serra disse que um novo Brasil está nascendo, com a consciência dos jovens que buscam a conciliação do crescimento da economia com preservação do meio ambiente. “A luta pela defesa do meio ambiente no Brasil foi a luta do Chico Mendes. Hoje é a luta do Partido Verde, da Marina Silva e do Brasil inteiro”, afirmou.
Em seu programa desta tarde, Serra abordou também o tema educação. Segundo o candidato, se for eleito vai criar um milhão de novas vagas em cursos profissionalizantes, técnicos e gratuitos. Ele também afirmou que implantará o ProTec, que seria um ProUni do ensino técnico.
O candidato apresentou apoio de governadores eleitos, como o do Paraná, Beto Richa (PSDB); de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); de Santa Catarina, Raimundo Colombo (DEM); e de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB). O senador eleito por Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) também defendeu a candidatura Serra e frisou que, se chegar ao Palácio do Planalto, Serra representará um ganho para a democracia e para o País.
A campanha de Dilma preferiu destacar trechos do debate realizado ontem à noite pela TV Bandeirantes. A candidata lembrou que Serra participou do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), que privatizou várias empresas estatais. Ela citou que o principal assessor da área de energia do tucano, David Zylbersztajn, ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), seria favorável à privatização das reservas de petróleo do pré-sal. Segundo ela, tal questão levantaria uma dúvida: se Serra é favorável à privatização do pré-sal ou da Petrobras.
Nas cenas do debate, Dilma afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva financiou empresas brasileiras, enquanto a administração FHC concedeu recursos públicos para grupos estrangeiros com dinheiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Dilma também apontou no debate que, quando Serra foi ministro do Planejamento, o governo federal não investiu em infraestrutura. “Então, tudo que eles não fizeram em oito anos ficou para a gente fazer nos nossos oito anos. Nós corremos atrás , fizemos o Programa de Aceleração do Crescimento”, afirmou.
No debate, Dilma enfatizou sua posição de ser contrária ao aborto. No encontro dos candidatos na TV Bandeirantes, ela disse estranhar que Serra diga “certas coisas”, pois ele regulamentou o acesso ao aborto no Sistema Único de Saúde (SUS). Ela disse no debate que Serra estaria promovendo uma “campanha do ódio”, pretendendo atingi-la com calúnias, mentiras e difamações. Ela disse que não era certo a esposa do candidato do PSDB, Mônica Serra, ter dito que “Dilma é a favor da morte de criancinhas.” Ela destacou que o comentário é um “absurdo” e faz parte de uma campanha que usa algo que o Brasil não tem, que é o ódio. “Esse País não tem ódio religioso, não tem ódio étnico e não tem ódio cultural. Então, eu repudio essa campanha que está sendo feita”, disse.
A candidata do PT também colocou em dúvida se Serra manteria os programas sociais do governo Lula, como o Bolsa Família, ProUni e Minha Casa, Minha Vida caso o tucano chegue ao Palácio do Planalto.