Produtores rurais de vários Estados abraçaram hoje uma bandeira estendida no gramado que fica em frente ao Congresso Nacional como forma de pedir ao governo ações que impeçam as invasões de terra. A bandeira contém a inscrição “Queremos paz no campo. Não às invasões”. O movimento, organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reuniu cerca de 1.000 produtores rurais, segundo os organizadores, que vieram da região Centro-Oeste, da Bahia, de Minas Gerais e do Tocantins.
A senador Kátia Abreu (DEM-TO), que preside a CNA, disse que o objetivo do protesto é chamar a atenção do governo para a situação do campo que é, segundo ela, “insustentável”. “O Brasil não tem condições de viver do jeito que está vivendo”, disse a parlamentar, reafirmando que o agronegócio responde por um terço do Produto Interno Bruto (PIB) e dos empregos gerados no País.
A CNA cobra a criação de um plano nacional de combate às invasões, a exemplo do que o governo já fez para combater a pirataria e o narcotráfico. A senadora disse ainda que o governo tem estoques de terra para fazer assentamentos, mas falta dinheiro para concluir esse processo. Ela fez questão de afirmar que o movimento de hoje foi pacífico e teve autorização da administração local. “Não vamos invadir como muitos fazem.”
Ela também criticou indiretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem citar o nome do presidente, Kátia Abreu disse que “um boné é um símbolo”. “O boné do crime não pode ser usado à revelia”, afirmou, fazendo uma referência ao fato de o presidente ter usado o boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nos primeiros anos de sua gestão. O ato do presidente causou indignação do então ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e de lideranças do agronegócio.
Os manifestantes hoje usavam roupas brancas e seguravam pequenas bandeiras de papel com slogan de repúdio às ações do MST. Os atos começaram com uma missa na Catedral Metropolitana de Brasília, que ficou cheia de manifestantes.