A Procuradoria Regional Eleitoral de Roraima pediu a cassação do mandato do senador Romero Jucá (PMDB), líder do governo no Senado. A representação eleitoral por captação e gasto ilícito durante a campanha foi protocolada no Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-RR). O governador Anchieta Júnior (PSDB) também foi alvo de novo pedido de cassação pela mesma razão.
Os procuradores Ângelo Goulart e Rodrigo Timóteo acusam o senador de ter movimentado R$ 180 mil fora da conta corrente da campanha. O dinheiro foi flagrado em automóveis de cabos eleitorais em duas situações distintas. No primeiro caso, foram apreendidos R$ 80 mil com Luís Antônio Teixeira da Silva, em Mucajaí, a 50 quilômetros de Boa Vista.
Na outra apreensão, policiais federais recolheram R$ 100 mil jogados pela janela de um carro na saída de um dos comitês de Jucá, por Amarildo da Rocha Freitas. “No primeiro momento, o senador negou, mas passada a eleição, ele solicitou o ressarcimento, o que comprovou a propriedade do dinheiro”, explicou Rodrigo Timóteo.
Jucá também é acusado de ter sacado R$ 2 milhões da conta do comitê para o pagamento dos cabos eleitorais em espécie, quando deveria ter sido feito por cheque nominal ou transferência bancária, de ter simulado o gasto de R$ 1,9 milhão com alimentação, “quando em verdade contratou pessoas para trabalhar na campanha, sonegando a contribuição social ao INSS”, afirma Timóteo. Jucá foi ministro da Previdência no governo Lula.
O Ministério Público lista ainda a utilização de uma empresa de transporte de valores como banco, quando foram movimentados R$ 993,2 mil, situação que impediu a investigação de entrada e saída do dinheiro. O senador negou as acusações. “Toda doação que recebi foi legal e foi registrada. As despesas foram feitas de acordo com a legislação, tanto é que minhas contas foram aprovadas. Lamento a posição do Ministério Público, mas estou tranquilo e vou apresentar a defesa no momento apropriado”, disse.
Quanto ao pedido de ressarcimento dos R$ 100 mil, ele afirmou que o dinheiro não era seu, mas do comitê financeiro da campanha. Ao todo, a Procuradoria ingressou 42 ações contra candidatos eleitos em Roraima. Entre os alvos, estão o governador Anchieta Júnior (PSDB) e seu vice, Chico Rodrigues (DEM), a deputada federal Teresa Jucá (ex-mulher de Romero Jucá), outros três deputados federais e dois estaduais.