Procuradoria apura se Mentor extorquiu Luiz Scarpin

A Procuradoria-Geral da República está examinando novos indícios de irregularidades envolvendo o deputado José Mentor (PT-SP), num suposto esquema de extorsão que teria o objetivo de não incluir o empresário do ramo do bingo e ex-banqueiro paranaense, Luiz Antonio Scarpin, no relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito do Banestado. Segundo informações encontradas no blog de jornalismo político de Ricardo Noblat, Mentor, que foi relator da CPI, é citado em gravação telefônica que está sendo analisada por procuradores da República, como sendo destinatário de R$ 50 mil, valor que seria exigido para livrar o nome de Scarpin no relatório. A investigação está correndo sob sigilo, e deverá ser anexada ao inquérito do mensalão.

A interceptação foi enviada à Procuradoria-Geral da República e constava no processo que tramita na 2.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, contra o advogado e ex-conselheiro de Itaipu, Roberto Bertholdo. Bertholdo teria citado o parlamentar numa conversa com Scarpin, em 2003, que estaria preocupado com a possível inclusão de seu nome no relatório da CPI. De acordo com o blog de Noblat, o advogado teria sugerido na gravação que Mentor poderia vetar a convocação do empresário, caso Scarpin pagasse o valor exigido.

A assessoria do advogado foi procurada para comentar o assunto, mas não foi encontrada. Em meados de março, a Folha de S. Paulo divulgou trechos de gravações de conversas telefônicas de Bertholdo com o ex-líder do PMDB na Câmara dos Deputados, José Borba, nas quais eles estariam articulando uma interferência no processo de licitação da Transpetro, subsidiária da Petrobras, para a aquisição de navios. Naquela ocasião, o advogado classificou de ilegais e distorcidas as gravações de suas conversas telefônicas.

Bertholdo atualmente cumpre pena de cinco anos e três meses de prisão em regime semi-aberto, além de uma multa de R$ 576 mil, por causa de acusações de interceptação clandestina do telefone do juiz federal Sérgio Moro. A sentença foi proferida no início de abril e, por entender que foi muito branda, o PGR está recorrendo.

Em matéria recente da Veja, Bertholdo foi apontado como um dos operadores do "mensalão". Ele negou a acusação. E em depoimento à Polícia Federal em março, o advogado acusou o deputado José Janene (PP-PR) e o doleiro Alberto Youssef, de Londrina (PR), de ?alimentarem 80% do sistema de corrupção no Brasil?. Janene e Youssef negaram as acusações.

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