O Ministério Público Federal denunciou 13 investigados na Operação Ouvidos Moucos, que apura suposto desvio de recursos públicos destinados aos cursos de ensino a distância da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por crimes de peculato, concussão, lavagem e inserção de dados falsos.

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Esta é a primeira acusação formal decorrente da polêmica investigação. Ela foi apresentada à Justiça no dia 21 de junho e divulgada ontem (12), após a juíza Janaína Cassol Machado, da 1.ª Vara da Justiça Federal em Florianópolis, quebrar o sigilo judicial imposto à ação penal.

A Ouvidos Moucos foi deflagrada pela Polícia Federal em setembro de 2017 e prendeu o então reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier. No mês seguinte, ele se suicidou em Florianópolis. Mikhail Vieira de Lorenzi Cancellier, filho de Luiz Carlos Cancellier, e Gilberto de Oliveira Moritz, ex-coordenador-geral do Laboratório de Produção de Recursos Didáticos de Gestores (setor responsável pela captação e execução dos projetos de educação a distância), foram denunciados.

Segundo o Ministério Público, na análise das contas bancárias de Gilberto Moritz foram detectadas em 2013 movimentações de recursos para Mikhail Cancellier, “sendo demonstrada a conexão dos valores repassados com outras movimentações financeiras cronologicamente anteriores entre a Fundação José Arthur Boiteux (Funjab), referentes a recursos de projeto sob a coordenação do ex-reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo (triangulação financeira – repasse de recursos do projeto coordenado por Cancellier para Gilberto Moritz a título de bolsas por suposta prestação de serviços, sendo poucos dias depois os recursos repassados a Mikhail – valor: R$ 7.102,00)”.

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Os investigadores afirmaram que “foram identificadas duas organizações criminosas distintas, a partir do Relatório Final da Polícia Federal”. A primeira, segundo o MP, se refere a “ilícitos criminais no pagamento de bolsas e custeio dos cursos a distância vinculados ao curso de Administração da UFSC, o que motivou a denúncia”. A segunda seria ligada à locação de veículos, que, informa a Procuradoria, “deve ter denúncia ajuizada em breve”.

O procurador da República André Stefani Bertuol, que assina a denúncia de mais de 100 páginas, informou que o prazo transcorrido desde a conclusão do inquérito, empregado na análise do caso, se deveu à “complexidade dos fatos e a uma sobrecarga” de trabalho.

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A reportagem não localizou a defesa dos denunciados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.